Antes de mais, grato aos Joaquim Tapadinhas, Graça Costa e Mário Jesus por me terem relembrado Eugénio de Andrade. Como tenho uma estranha predilecção pelos seres humanos no seu todo e não só na sua grandeza, aqui vai uma hstorieta que vivi com o grande poeta.
Passou-se vai para mais de 20 anos, em Gaia no hospital onde eu trabalhava e aquando duma reunião científica sobre a.Mulher e a Criança. Socorrendo-se da boa relação entre um cardiologista e Eugénio de Andrade, a organização conseguiu que este fosse presidir à sessão de abertura. O anfiteatro estava "à cunha" e ouviu-se alguém anunciar tonitroante: vem aí O POETA! Passados segundos apareceu Eugénio e um séquito que ocupou a mesa presidencial, seguindo-se o anúncio de que O POETA (sic) "por atenção especial" iria declamar alguns poemas seus entre os quais um original.
O silêncio era sepulcral e Eugénio começou, com a sua belíssima voz, a dizer. Só que, segundos passados -sacrilégio!- um telemóvel iniciou o seu "gritar" impertinente! A senhora que o tinha na carteira, provavelmente por vergonha, fazia de conta que nada era com ela e o incómodo geral era "palpável",, até que Eugénio vociferou: assim não, telemóveis e poesia, não! E, levantando-se, saíu desabridamente da sala arrastando todo o seu séquito.
Tinham-me dito que Eugénio de Andrade tinha um "mau feitio e confirmou-se. A dona do telemóvel foi impertinente e/ou desatenta, o grande poeta foi grande, como sempre, até na solenidade desabrida do abandono do seu pedestal.
Fernando Cardoso Rodrigues
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