Acabei de enviar ao Público o texto que reproduzo abaixo. Nos mesmos termos e dimensões em que costumo enviar as “cartas” com solicitação de publicação. A minha ingenuidade não vai ao ponto de pensar que possa ser publicado. No entanto, a minha consciência ficará mais apaziguada quando tornar a enviar-lhes qualquer outro texto. Coisa que farei como se nada se tivesse passado.
Jornalismo (s)em crise
Senhor Director,
Permita-me que, por momentos, agarre uma frase da sua autoria: “o jornalismo não vive uma crise”. Até pode ter razão (não o creio), mas não negue que está a empobrecer. Vejamos o nosso Público: já não consegue (ou não quer?) remunerar, como fazia há tantos anos, profissionais como José Vítor Malheiros, Alexandra Lucas Coelho e Paulo Moura. Então isto não é crise? Qual foi a razão que lhes apresentou para cortar nas verbas contratadas? Prosperidade não foi, certamente.
Num horizonte jornalístico normal, fora da crise, profissionais daquele calibre seriam disputadíssimos e, naturalmente, o senhor não se atreveria a confessar aos seus patrões que não tinha conseguido “segurar” as suas colaborações. O que se passa tem a ver, forçosamente, com outras demandas. E os leitores, conhecendo o pensamento do senhor e o dos “despedidos”, não precisam de muito para adivinhar a realidade. Ao afastar aqueles “indesejáveis” - a água do banho -, o senhor esqueceu-se do bebé - a qualidade e a dedicação que sempre deram ao Público. E foi tudo borda fora, empobrecendo o jornal em todas as suas dimensões, e deixando cair o projecto que se anunciou com a sua criação.
Sabe que mais, senhor director? Não empobreça o Público. Como leitor, espero que a sua função seja enriquecê-lo, torná-lo melhor, não mais barato. Se não for capaz, regresse ao Observador.
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