Desconheço quantos beijos e abraços faltam para que Marcelo figure no Guiness dos recordes nesta modalidade, na qualidade de Presidente de um país. Não sei se tal prática é boa ou sequer aconselhável, mas quer-me parecer que tal soma de tantos gestos como aqueles que ele espalha, não dão pão a ninguém, embora anime um povo órfão a encher-se de paciência, carente de afecto, desde que nasce por entre o matagal e os espinhos da vida, até galgar a instrução mais básica, por caminhos nunca dantes endireitados. Nem todos sofrem nestes lugares do demo desta fatalidade, porque desbravaram mares e fronteiras, que lhes garantisse outra qualidade de vida. O Presidente dos afectos, como lhe chamam alguns, os tais que apreciam catalogar personalidades que dão nas vistas, vai a todas e de lá regressa, faça sol ou lua, sem grandes resultados. Se há fogo, ele fala, se não há, ele disserta, como se o lume se avistasse no meio do fumo que ainda esvoaça. Marcelo o Presidente, gosta de dar umas braçadas nas águas calmas do rio internacional, que banha a capital do reino. Em Lisboa não há só fado e vielas, nem só santos e turistas, à procura de colinas para espreitar os bairros típicos e a boémia de marinheiros com ideias feitas e tiradas de um catálogo de má fama. Lisboa tem um rio cheio de história, de onde partiram caravelas e aventuras. Mas Marcelo, o Presidente, até hoje não foi por aquele rio acima, rio igual ao do cantautor Fausto, e verificou com o nariz e os olhos, o estado em que ele se encontra – o de rio comatoso. O Tejo está criminosamente poluído, e nas suas águas já ninguém pode mergulhar em segurança e higiene. Está coberto por um manto de espuma maléfica e mortífera, que nem ave nem peixe, se sente acomodado e feliz, nem tenha areia aonde se enrolar, mesmo que ao fundo se oiça uma varina ou uma guitarra. A poluição à tona da água, talvez tenha origem no bâton que sai dos lábios do viajante beijoqueiro, que ocupa o Palácio de Belém, e não tanto das lágrimas de quem o vê a definhar e quase a morrer por não ter o Presidente por perto a tratar de lhe dar o relevo que ele implora, como dá ao pinhal, que mata do mesmo modo, quem dele tira o sustento para a vida. Marcelo está a tornar-se num fait-divers, a borbulhar no populismo!
*
*-(pubcdºhoje no DN.madª)
Apoiado!
ResponderEliminar