Bastava
ler a edição da passada semana deste jornal, para se ter uma ideia
das consequências das privatizações. É o Conselho de
Administração dos CTT que pretende fechar 22 balcões e despedir
mil trabalhadores, e é o ministro das Finanças que, finalmente,
passados tantos anos de luta persistente das populações, dos
autarcas da região, das Comissões de Utentes da saúde e de
deputados eleitos pelo distrito, nomeadamente os do PCP, desbloqueia
1 milhão de euros para o início do projeto de construção do
hospital no Seixal. Tudo isto, ainda sem fim à vista, ou seja, sem
previsão para quando estará pronto o hospital, apesar do principal
da região, o Garcia de Orta em Almada, e dos poucos e exíguos
Centros de Saúde ,estarem desde há muito, a rebentar pelas
costuras.
Pensarão
alguns dos meus prezados leitores, o que é que uma coisa tem a ver
com a outra, e a construção do hospital com as privatizações. Tem
tudo, amigos! É que, para se construirem hospitais, como diria La
Palisse, é preciso
carcanhol.
E se ele vai aos milhões para o bolso dos principais acionistas dos
CTT, da PT, da Galp, dos bancos, das seguradoras, das
transportadoras, enfim, dos
sectores vitais da economia deste país que foram privatizados, não
vai
para os cofres do Estado.
Logo, este, não tem esse
dinheiro para construir hospitais e não só. E
depois, como se sabe, o capital além de não ter pátria nem
alma, muito menos tem
coração. Se não, vejamos o caso dos CTT; tal como nos informou
aqui o “O Seixalense” na edição referida em
dois elucidativos trabalhos. Um assinado pela jornalista da casa,
Ana Martins Ventura e o artigo de opinião de Hugo Constantino, da
Comissão Concelhia do Seixal do PCP, dos
22 balcões que os gestores dos agora privatizados CTT, pretendem
fechar, um deles, é o de Paio Pires.
Apesar de
servir 15.000 pessoas, (11% das quais com mais de 65 anos) de o
balcão mais próximo ser na Torre da Marinha, e de ter um lucro
anual de 45.000 euros. Portanto,
como se constata, os senhores que mandam agora nos CTT, estão-se
marimbando para as populações e para os trabalhadores. O
que lhes interessa,
é ainda mais lucros.
Esta
é uma das lições que podemos e devemos tirar das privatizações.
Outra, é quando os defensores e
beneficiários
das privatizações, uma
ínfima minoria, nos dizem
que o Estado não tem vocação de gestor,é mau gestor. Tal
argumento é não só um
mito, como uma monumental mentira. Veja-se o que se passou, por
exemplo, com o BES. Mesmo depois do Estado (todos nós contribuintes)
lá ter enterrado tantos milhões. O
mesmo com o BPN. Ou ainda com empresas da dimensão da PT que também
para além de irem parar a mãos privadas estrangeiras, quase
colapsaram. Também com os CTT, a degradação dos serviços que
prestam atualmente.
Tantas
outras conclusões/lições poderemos tirar do resultado das
privatizações. Finalizo com estas duas mais que óbvias, mas que
parece, para tanta gente, não o serem:
as
privatizações têm responsáveis; chamam-se, PS, PSD e CDS. Mas
estes partidos foram/são eleitos… E há outros partidos!
O mais representativo destes últimos,
até sempre foi a favor das nacionalizações e contra as
privatizações.
Condição
essencial para um país bem mais desenvolvido e justo, é que a sua
economia assente em 3 pilares
fundamentais: O público, o cooperativo, e o privado. Dos
3 partidos responsáveis pelas privatizações, dois deles, o CDS e o
PSD, abominam os dois primeiros pilares. O PS, também é alérgico
ao primeiro. Quanto ao segundo, a sua posição, é nim.
Francisco Ramalho
Corroios, 19 de Janeiro de 2018
Publicado na edição de 23 a 30/1/18 do semanário "O Seixalense"
Concordo inteiramente consigo em que a privatização dos CTT foi um erro que englobou dois: um de princípio e outro gestionário. E o primeiro é imperdoável pois foi o de "uma morte anunciada" pois já se sabia ao que vinham os compradores: ao segundo,por razões não tão obscuras assim pois estão agora à vista.
ResponderEliminarDito isto, uma posição de princípio: saúde, educação, transportes públicos e água, devem ser predominantemente (estruturalmente) públicos e só complementarmente privados. Economias liberais "à outrance" ou totalmente estatizadas só levam a uma de coisas: desprezo social pelos que não podem pagar ou coartação da liberdade noutros lados da vivência humana, respectivamente.
Em jeito de rodapé, uma nota sobre o PS: deu uma cravo ( caso dos colégios privados) e estava a dar outra na "ferradura" no SNS (espero que ainda vamos a tempo com a proposta da nova lei de bases). Há quem lhe chame "polivalência" mas tenho receio que seja somente "ambivalência". A ver vamos.
Aos quatro referidos no início do segundo parágrafo, junto um quinto: a energia.
EliminarOs accionistas das grandes companhias privadas nunca pensam nas populações que se comprometeram servir, e muito menos nos trabalhadores que fazem as empresas progredir. O que para eles é importante é o dividendo; e se para este engordar for necessário mandar para a rua centenas ou milhares, faça-se!
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