domingo, 21 de janeiro de 2018

Desconformidades graúdas


A polémica gerada à volta do programa “super ama”, há pouco estreado na SIC, tem toda a razão de ser, dada a tendência de muitos pais para exibir os filhos, por bons e maus motivos; e palpita-me que não vão faltar protagonistas a inventar filhos problemáticos só para terem os tais minutos de fama e ganharem os mil euros que a produtora paga a cada família...

É sabido que muitos pais usam os filhos para colmatar lacunas e frustrações da sua própria vida, na tentativa de os ver conseguir o que a eles não foi possível; como aquelas mamãs que levam as meninas a todos os “casting” para modelo, e papás que levam os rapazes para o futebol infantil , querendo fazer deles craques à força, torpedeando todas as regras, ao ponto de a violência no futebol juvenil aumentar de ano para ano.

Diz a este propósito ao JN Maria Eduarda, árbitra da Associação de Futebol de Braga, que é frequente ver os pais, da bancada, gritar para os filhos: “Vai atrás dele, cospe-lhe, parte-lhe uma perna”! Parece que, em Espanha, há árbitros que não hesitam em expulsar espectadores que incitem à violência; e nos Estados Unidos há o dia do silêncio, que impede os espectadores de se manifestarem, precisamente com o fim de alertar para comportamentos incorrectos...


Amândio G. Martins



2 comentários:

  1. Esse aspecto que refere , da parte de alguns pais, no futebol "jovem", é importante pois é um dos locais onde se vê muito a associação do "primarismo" com a cultura do ganhar todo o custo. Há tempos fui ver um jogo de um neto meu e... nem conto o que ouvi! É bem verdade que também existe o outro lado, o do convívio entre pais, o do incentivo amoroso com os filhos e por aí fora. Nesta última vertente, conto até uma historieta que comigo se passou em que fui o "vilão" de serviço. Numa jogada que resultou em golo, o meu neto, que tem um bom pé esquerdo mas é um "molenga", deixou o adversário fugir no corpo a corpo e marcar. Gritei: Porra João, tens que "apertar" mais, moço! Um senhor a meu lado, com ar de censura, mirou-me de alto a baixo e disse: é seu neto? E, ao meu sim, abanou a cabeça com "desdém" e calou-se, como quem diz: deixa-o em paz, seu "degenerado".

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  2. "Ganhar a todo o custo" é que tem feito escola, com os adultos a transmitir à miudagem os piores vícios, transformando por completo aquele belo princípio de encarar o desporto como "escola de virtudes"...

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