Não ter onde caír morto...
...É uma expressão cruelmente usada por todo o tipo de
possidónio para puxar ainda mais para baixo quem já está muito fragilizado; mas
o caso que vou descrever é literalmente um desses casos limite de fragilidade
humana.
É conhecido pela Misericórdia, e por mais de 20 outras instituições,
o caso de um homem de 85 anos, cego, que há anos vive na rua; dizem todos que é
ele que quer viver assim, que não se pode fazer nada por ele, que já esteve internado
mas voltou para a rua porque não aceita que o ajudem, pedindo que o deixem
morrer!
Magro, com uma hérnia enorme que o impede de andar, apodrece
envolto em trapos a feder a urina, evidenciando doença mental, e argumentam
todas aquelas instituições que não há uma lei que permita tirà-lo à força
daquela situação...
Acontece isto na mais famosa avenida da “capital do reino”,
segundo notícia do JN, que ouviu o presidente de Junta de Freguesia onde o
homem se mantém, Vasco Morgado jr, que também concorda que a actual lei não deixa
fazer mais por aquela desgraçada vida.
E eu concordo com o que diz uma senhora, de uma associação
de apoio a sem abrigo, que não aceita tais argumentos legalistas, dado ser
evidente que aquela pessoa não está no uso das suas faculdades.
Amândio G. Martins
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