2017, não deixa
saudades. Deixa sim, chagas um pouco por todo o mundo. A Líbia, que
depois de deposto o Governo e assassinado Kadafi após os
bombardeamentos da França, do Reino Unido e da NATO, continua num
caos. A destruição da Síria e a consequente fuga de milhões de
refugiados. O Iraque e o Afeganistão, que continuam a lamber as
feridas. A situação catastrófica no Iémen, devido à agressão da
Arábia Saudita (aliada e principal cliente de armas dos EUA) que
inclui um rigoroso bloqueio até à entrada de alimentos e
medicamentos. Situação, que a ONU considera o pior desastre
humanitário do mundo, onde um surto de cólera, a falta de
medicamentos e alimentos e o estado de guerra, já provocaram e
continuam a provocar milhares de mortos e milhões de subnutridos. As
atrocidades e a limpeza étnica contra a minoria Rohingya no Myanmar.
Os assassinatos de líderes sociais na Colômbia por mercenários a
soldo de latifundiários e garimpeiros que ensombram os acordos de
paz e que o respetivo Governo é acusado de não por cobro. O
mandato de Trump que continua a ser um desastre com os exemplos do
Médio Oriente onde encheu mais o barril de pólvora ao reconhecer
Jerusalém com capital de Israel, a troca de ameaças com Kim Joug-
On aumentando o perigo de um conflito nuclear de consequências
apocalípticas, o rasgar do acordo nuclear com o Irão.
Como o rol já vai
longo, destacamos o que de mais positivo nos deixou o velho ano, cujo
rol, infelizmente, é bem mais curto. Em primeiro lugar, a derrota da
organização mais fanática e criminosa, pelo menos da Era Moderna,
o auto-denominado Estado Islâmico, na Síria, cujo mérito vai para
o Exército daquele país,para a Rússia, para o Irão e para os
combatentes curdos. Outro exemplo positivo que não tem tido a
divulgação que merece, foi a denúncia muito digna e exemplar do
obscurantismo medieval, do bárbaro sistema judicial e da forma
indigna como a mulher é tratada na Arábia Saudita, feita pela bi
campeã do mundo de xadrês Anna Muzychuk ,ao recusar-se, por
isso,participar no campeonato do mundo daquela modalidade que ali
decorreu.
Finalmente, no plano
nacional, excetuando a desgraça dos incêndios, também consideramos
positivo a prestação do atual governo do PS, apoiado na AR pelos
partidos à sua esquerda, apesar das restrições impostas pelo
serviço da dívida que o partido de António Costa persiste em não,
pelo menos propor, que seja revisto.
Tinha pensado para
título; Ano Novo, Vida Velha, mas alterei. Como se diz por cá, a
esperança é a ultima coisa a perder-se. Além disso, apesar dos
escolhos e até de passos atrás, a marcha da humanidade é no
sentido da justiça, da dignidade e da liberdade, e não da injustiça
e do opróbrio.
Passámos do
esclavagismo ao feudalismo, deste ao capitalismo, e este, não será
o fim da história.
Um ano o melhor
possível para todos.
Francisco Ramalho
Corroios, 5 de
Janeiro de 2018
Publicado na edição de 9/1/18 do semanário " O Seixalense"
Do filósofo francês Jules Lachelier: "O mundo é um pensamento que não se pensa, suspenso de um pensamento que se pensa".
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