«Do Cais da Rocha,
partiu hoje, a bordo do navio da marinha Mercante nacional, mais um numeroso
contingente militar que segue em missão de soberania para o nosso Ultramar».
In Diário Popular n.º
7636, de 16-01-1964, 22.º ano de publicação, p. 7
«Com destino ao
território ultramarino, partiu, ao meio-dia, num barco da nossa marinha
mercante, mais um contingente de tropas, recrutadas em unidades de Lisboa,
Abrantes e Estremoz».
In Diário de Lisboa n.º
14758, de 16-01-1964, 43.º ano de publicação, p. 6
A revolta ocorrida
em Luanda a 4 de Fevereiro de 1961, com ataques à Casa de Reclusão, ao quartel
da PSP e à Emissora Oficial de Angola, é considerada como o início da luta
armada levada a cabo por diversos movimentos de libertação contra a
administração portuguesa em África. O Estado Novo, liderado por Salazar,
considerava as colónias portuguesas em África como territórios portugueses
ultramarinos, pelo que, em missão de soberania, iniciou, a 26 de Abril de 1961,
o envio, por via marítima, de tropas para combater aqueles movimentos de
libertação que apelidava de terroristas. A partida dos primeiros contingentes
militares era descrita com grande relevo nas primeiras páginas dos jornais. Porém,
aos poucos e poucos, o descontentamento da população portuguesa pela morte de
inúmeros soldados em combate e pela estagnação do desenvolvimento do país
devido ao desvio de verbas para o esforço de guerra leva a censura prévia
governamental a tentar camuflar estas movimentações militares, sugerindo aos
diversos periódicos a colocação das informações sobre a partida de novos
contingentes em lugares discretos no interior dos jornais, dando-lhes apenas
maior relevo quando altas individualidades marcavam a sua presença. É o caso
desta notícia, publicada apenas na página sete do Diário Popular e
na página seis do Diário de Lisboa. Saliente-se, igualmente, que,
por segurança de ordem militar, estas notícias não referenciavam o nome do
navio da marinha mercante que iria transportar as tropas portuguesas. Mesmo
assim, era frequente, durante o percurso em águas internacionais, a aproximação
de vasos de guerra soviéticos, país que apoiava os movimentos de libertação das
antigas colónias portuguesas
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