Zurzida até mais não por tudo e todos, a esquerda encontra-se em estado deplorável, com muitos a culparem-na de "auto-mutilação". Outros há que, agora, se contristam num exercício de falsa compaixão, ajuizando que essa mesma esquerda não fazia ideia dos riscos que estava a correr, aquando da rejeição da proposta do Orçamento 2022.
Aponta-se-lhe o dedo acusador, por não ter obedecido a “convenientes” pensamentos calculistas face aos previsíveis resultados eleitorais. Se, porém, estes tivessem revelado sentido contrário, com a sua representação parlamentar a subir, não faltaria quem lhe apontasse criticamente um "conveniente" oportunismo. Se, finalmente, a composição do Parlamento tivesse ficado inalterada, como grande parte dos videntes pressagiava, estaríamos todos a verberá-la por ter submetido o país a um esforço pueril.
Os críticos da posição assumida pensam, claramente, que a esquerda, “convenientemente”, deveria ter deixado “correr o marfim”, aprovando um Orçamento que, à luz dos seus princípios, era claramente contra-natura. Se na vida procuramos alguma coerência, será no interesseirismo do voto útil que ela anda?
Público - 04.02.2022 (Trocaram-me o contra-natura em contranatural; não achei nada natural).
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