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domingo, 27 de fevereiro de 2022
UMA IMENSA HIPOCRISIA
Desde o 25 de Abril que não se assistia a uma tão grande intoxicação da opinião pública e, simultaneamente, claro, a censura pura e dura como a que decorre. Nem as notas de imprensa sobre a matéria do PCP, são divulgadas. Nem, por exemplo, o Conselho Português para a Paz e Cooperação. Nem quem não se submete a esta avassaladora manipulação, a esta unanimidade que vai do PS ao Chega. A única voz dissonante que se tem ouvido, e pouco, é a do major-general Carlos Branco.
O que está a acontecer na Ucrânia que todos, evidentemente, lamentamos, tem antecedentes de anos. Antecedentes esses, sistematicamente silenciados pela mesma comunicação social, dos mesmos, que agora choram lágrimas de crocodilo pelo povo ucraniano. Os mesmos, que retalharam a Jugoslávia à bomba, que apoiaram os fanáticos criminosos, os Taliban, no Afeganistão, e depois lhes perderam o controlo e abandonaram aquele destroçado país de rabo entre as pernas quase como no Vietname (aqui, ainda foi muito mais humilhante), os mesmos que, mentindo, sobre o pretexto, invadiram e destruíram o Iraque causando centenas de milhares de mortos, feridos e refugiados, os mesmos, que, aqui, com a sua NATO , a França e a Inglaterra a participarem diretamente em bombardeamentos, assassinaram Kadafi e destruíram a Líbia, que tentaram e ainda tentam, fazer o mesmo à Síria, só não o conseguindo devido à interferência da Rússia, os mesmos que apoiam Israel na ocupação da Palestina massacrando e humilhando o seu povo. Enfim, o rol nunca mais acabava.
Nas regiões de Donetsk e Lugansk, fala-se russo e a esmagadora maioria da população é russófona, há muito que há problemas com o poder instalado em Kiev. Problemas esses, agravados depois do golpe de estado que os mesmos apoiaram, e que colocou no poder um governo que permite e colabora com organizações fascistas. Os mesmos que nunca se preocuparam que os acordos de Minsk, eram, desde há muito, letra morta para o governo ucraniano e ainda mais, para os tais fascistas. O resultado de tudo isto, foi 14 mil mortos e agora o que está a acontecer e que,agravando-se, as consequências poderão, em ultima instância, ser apocalípticas para a Europa e não só.
Por isso, os tais mesmos, em vez de terem cercado a Rússia com a sua NATO e intensificarem esse cerco, em nome do povo da Ucrânia, do resto da Europa, do mundo e da paz, exige-se-lhes, assim como à Rússia, contenção e ponderação, e que a ONU, exerça o seu imparcial papel, para solução desta situação conflituosa. E mais, aqui em Portugal, exige-se a liberdade de expressão que está inscrita na nossa Constituição, e não esta censura pura e dura a que se assiste. Muito mais há para dizer, mas fico-me por aqui.
Perante tanta hipocrisia, e os potenciais perigos que a situação comporta, quem pode ficar impávido e sereno?
Francisco Ramalho
25/02
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