sábado, 26 de fevereiro de 2022

Olho nele


Condenar a invasão da Ucrânia decidida por Putin só pode concitar a unanimidade de opiniões. À luz de todas as leis, o acto é um crime e não merece a consideração de qualquer atenuante. Já recusar as tentativas de compreender o desenvolvimento histórico que nos trouxe até aqui, refugiando-nos apenas no repúdio do brutal abuso da força por parte das autoridades russas, ou, até, de “esquecer” os muitos descuidos e desmazelos, entre vexames grosseiros e arrogantes que as potências ocidentais dedicaram à Rússia desde a sua desamparada queda nos anos 90, são posições próprias de obcecação cega e da falta de conhecimentos. Longe de branquear a brutalidade, é importante, como escreve Pacheco Pereira na sua crónica de sábado, no PÚBLICO, ter “melhor conhecimento da ‘máquina da história’” (obviamente não a “fabricada” por Putin) para que se possa combater e vigiar o déspota com mais eficácia, sem incorrer nos erros sistemáticos que EUA e, sobretudo, a UE, têm vindo “alegremente” a cometer há muitos anos. Para o bem e para o mal, os tempos são outros, mas lembremos que a excessiva confiança que Chamberlain depositou em Hitler correu mal a todos.

Público - 28.02.2022

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