O mundo está cheio de
bons patifes.
E não é preciso sair
deste jardim à beira-mar plantado que se chama Portugal, para os encontrar.
Vemos-los todos os dias até como génios comentadores.
É que o bom patife ou mau
patife, que para além de ser um modo de
dizer, também é um modo de se ser e de se estar na vida, na pele de qualquer
bom patife.
Eles estão por todo o
lado. E é nos sítios cerimoniais, de pompa e circunstância, que mais facilmente
são vistos e vistosos de colarinho branco ou de outra cor, mas todos bem
engomados.
Presentemente, alguns já
se disfarçam e se apresentam mais desportivamente e até de mangas arregaçadas
(como quem anda a trabalhar) de telemóvel sempre encostado à orelha, mesmo
desligado.(!?)
E agora é que é!
É vê-los de todas as
cores, pelas ruas, mercados e romarias, distribuindo propaganda. A cabeça, ou
cabeças de lista, esses nunca o largam nem o desencostam da orelha. Por vezes
trocam de orelha mas o telemóvel é o mesmo, enquanto vão falando com o
telemóvel desligado.
Fazem do povo parvinho!
É um faz de conta que
estão sempre em comunicação.
Até ao dia um de Outubro
e mais uns pozinhos à frente, não perca a oportunidade de se rir e se divertir
desses que o querem enganar.
Não deixe de estar atento
e de observar esses faz de conta, de telemóvel desligado sempre colado à orelha
dos candidatos e recandidatos e dos seus seguidores auxiliares.
É por aí, nessas
digressões de campanha, que se encontram muitos bons e maus patifes que surgem
de quatro em quatro anos, a cumprimentar, a abraçar e a beijar só para a
fotografia; os mais pobres, os mais carentes e os mais necessitados, como se
fossem candidatos de “Calcutá”.
Muitos, detendo poderes
de intervenção e de decisão, junto da população que os pariu por eleições
anteriores, tornaram-se bons patifes profissionais, recandidatos aos mesmos
patamares ou superiores, onde se agarram com unhas e dentes, até que a morte
nos livres deles.
Bem aposentados e melhor
remunerados, os bons patifes ou maus patifes, que também são democratas, somam
à pensão, outros vencimentos, mordomias e outras negociatas bem rentáveis, graças
à sua posição nos tais patamares superiores. (Se assim não fosse, não haveria
corrupção!)
E tudo isso em troca da
sua assinatura a que dão o nome de rubrica, mas que não deixa de ser um
sarrabisco que nem eles entendem.
Contos de José Faria
Gostei muito. Parabéns.
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