terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Sete cães a um osso


Na discussão sobre os acontecimentos na Venezuela, facilmente caímos num maniqueísmo que, levado às últimas consequências, nos pode transformar em “apoiantes” ou de Trump e Bolsonaro, ou então de Putín, XI Jinping e Erdogan. Como sempre, análises simplistas dão conclusões abstrusas.
As declarações dos oposicionistas a Maduro conduzem-nos à conclusão de que todos os males da Venezuela apareceram com Chávez. Não é verdade. O regime anterior foi vencido em eleições porque a vida se encontrava insuportável para as camadas pobres da população. O nepotismo e a corrupção campeavam, a par de feroz repressão. A violência, sobretudo em Caracas, era uma realidade insuportável, não é uma “invenção” recente, como Guaidó parece sugerir. Chávez foi um sinal de higienização. O movimento que lançou cometeu demasiados erros, semelhantes aos da Rússia ou de Angola, que se “sentaram” sobre a riqueza aparentemente inesgotável do petróleo. Daí à penúria foi um passo de pardal e, como já sabemos, quem paga sempre é o “mexilhão”, que sofre a violência de todas as ondas.
Perante a crise humanitária, que Maduro se obstina em negar, mas existe, esqueçamos, para já, as “politiquices” económicas. Salvemos as pessoas, retorne-se ao ponto zero e façam-se eleições livres de qualquer pecado. Será Guaidó o novo presidente? Espero que não, as credenciais não são as melhores. E Maduro? Acho que os venezuelanos tomaram a vacina. Mas não estaremos livres de novas crises na Venezuela. O petróleo está lá e são sete cães a um osso.

10 comentários:

  1. Tentei refazer um comentário mas a porcaria do computador bloqueou. Agora tenho que sair...Assim que tiver oportunidade. Eleições livres, não é verdade? Quem é que as vai fazer? Maniqueísmo? Nós nuca somos... Até logo!

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  2. Pronto!Só o José Rodrigues é que vê claramente visto! Eleições livres? Com certeza! E quem é que as vai fazer? Os que mandam às urtigas a ONU e o Direito Internacional? Os que andam a semear guerras aí pelo mundo fora e os que os apoiam? Eu apoio os menos maus. Os que se lhes opoem. Embora não me reveja neles e nos seus países. Claro que não incluo aqui Erdogan! Chame-lhe maniqueísmo ou que quiser. Nem aqui elas são totalmente livres! Quer um exemplo? Embora pequeno, aqui vai um: Escrevo para o Destak desde a sua fundação, há meses que não me publicam nada. Zero! Sabe qual a explicação que me deram? "opções editoriais" E este é apenas um pequeno exemplo...

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    1. Caro Francisco Ramalho,
      Só eu é que vejo “claramente visto”? Não me diga que lhe dei a impressão de que sou o dono da verdade. Exprimi, naturalmente, e é por isso que aqui venho com a regularidade possível, apenas a minha opinião que, de resto, tento formar com grande isenção de espírito. Se me quer acusar de imparcialidade, esteja à vontade, até gosto. E repare que, nas personalidades em causa como possíveis candidatos à Presidência, rejeitei ambas.
      É irrealista pretender eleições livres na Venezuela? Pois se até às eleições legislativas que ditaram a derrota de Maduro elas foram livres e, tanto quanto sei, limpas, por que não será possível fazê-las agora? Sob o patrocínio da ONU, pois claro, ou de outra(s) entidade(s) idóneas que sejam aceites pelas partes em confronto.
      Na sua opinião, o Erdogan deve ficar de fora desta discussão? Porquê? Não é apoiante de Maduro? Não o ajuda na comercialização do ouro? Daí eu o ter arrumado nesse lado da prateleira, com o Putín e o Xi Jinping (embora este último pareça andar a rever os apoios que mais lhe interessa dar...).
      Se temos de cair, nas simpatias que nutrimos, para um lado ou para o outro, acefalamente e de forma quase determinista, isso parece-me ser maniqueísmo. Estarei enganado ou só eu é que vejo as coisas assim tão “claramente vistas”?
      O que sei (e isto sim, “claramente visto”) é a miséria da esmagadora maioria da população venezuelana. Dir-me-á o Francisco que a culpa é dos americanos. Não tenho dúvidas de que, numa determinada quota-parte, é verdade. Mas não é só isso que explica tudo. E nós, os democratas, não devemos ter como interesse mais alto e urgente que os governos assegurem o maior bem-estar possível às suas populações? É por discordância política ou possível boicote que acontece o êxodo dos venezuelanos do seu próprio país?
      Quanto às suas queixas sobre o Destak, desafio o primeiro a vir dizer aqui que os jornais que escolhem para enviar textos lhos publicam todos… C’est la vie, como diria (a propósito) o actual Secretário Geral da ONU. Mas nem aí vejo qualquer ataque à imparcialidade, a que o Destak não tem de estar sujeito, porque é uma empresa privada e, “lá em casa”, gostemos ou não, mandam os donos.

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  3. Não esquecer o bloqueio económico e outros... made em EUA e subordinados... que já dura há 20 anos; não esquecer que em 20 anos, realizaram-se 25 actos eleitorais, 23 dos quais com resultados favoráveis aos que apoiam a revolução bolivariana...

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  4. Reconheço que fui um tanto deselegante, digamos assim, ao dizer que só o José via claramente visto. Quanto ao resto, não mudo uma virgula. E se fui algo agressivo, o José ao falar em acefalismo, não é agressivo, é insultuoso. E isso não vale.

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    1. Não foi minha intenção insultá-lo, nem coisa que se pareça. Limitei-me a caracterizar a palavra em questão: maniqueísmo. Se se sentiu atingido pelo “insulto”, ou se considera que que eu fui infeliz na redacção, peço-lhe desculpa.

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    2. Fiquei admirado ao ter utilizado a palavra "acefalamente" porque sei que não recorre à ofensa. E como diz, e eu acredito, não ser essa a sua intenção, nem precisa pedir desculpa.

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  5. Já me esquecia da resposta que dá sobre o Destak. Não tem absolutamente razão nenhuma. Quem é que não sabe que os jornais não publicam tudo? Não é isso que está em causa! Durante anos, publicaram-me quase tudo. Centenas de textos. E agora há talvez uns 6 meses que não me publicam nada. Acha isso norma? Aliás, vou expôr o assunto à ERC.

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