Os sons do Universo elegante
*Cristiane
Lisita
A teoria das cordas, na física
quântica, traz uma analogia do universo com o brandir das cordas de um violão. A
variedade das oscilações energéticas, que produz distintas partículas, com múltiplas
massas e cargas de força, assemelha-se à diversidade das posições dos dedos pressionando,
por exemplo, a mesma corda, que gera múltiplos sons. O ensinamento de Brian
Greene, em O Universo elegante, nos permite
compreender, além disso, a sintonia que deveria haver entre os indivíduos e a
natureza e, igualmente, entre os indivíduos e os seus semelhantes.
Há uma consciência conectiva com
o etéreo, uma vibração espiritual em constante mutação. Se os dedos premendo as
cordas enunciam sons, certamente, há um eco a nos guiar. Quanto maiores
os fluídos positivos ou negativos a
se emitir, na mesma medida, e proporcionalidade, estarão em ascensão ondas de
energia a movimentar pelo orbe terrestre.
O que dizer, então, dessa
sociedade inserida no caos? Centenas de milhares de refugiados tentam adentrar
a Europa se mostrando vítimas das atrocidades de seus países, dos crimes contra
a humanidade. Esse ano mais de 5.200, no cômputo de migrantes, morreram. Quantos
ainda se afogarão nas águas do Mediterrâneo? Quantos governos mais continuarão
na má gestão de suas políticas para refugiados? Quanto mais sofrerão os
africanos que estão na Líbia, em descontrole, e, agora, precisam escolher entre
a escravidão com todo tipo de abuso, e de humilhação, ou se lançar ao mar, numa
travessia quase intransponível?
Quantos campos de
concentração como Auschwitz serão necessários para se lembrar das carnificinas
acometidas? Quantas bombas de Hiroshima? Quantas guerras do Vietnam? Quantas
usinas atômicas como a de Chernobyl? Quantos massacres como Wiriamu? Quantas vidas
serão dizimadas nos tráficos de pessoas ou nos experimentos dos grandes
laboratórios farmacêuticos usando cobaias humanas, sobretudo, imigrantes e
minorias, cujas denúncias, prontamente, se revelam em Estocolmo? Esparrama-se o
preconceito. Os neonazistas, os sectários, os radicais a marchar com os olhos
cerrados.
Assim, as mãos empunham as cordas do universo elegante, vão meneando os
ecos que se almeja ou que hão de ouvir. Lembrando Friedrich Nietzsche: “E aqueles que foram
vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a
música”.
*Cristiane
Lisita (escritora, jornalista, jurista)
Como sempre, vindo de quem vem, soberbo!
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