Que mais
virá a seguir, agora que já não respeitam o estado da saúde dos adversários
políticos esquecendo inclusive que há mais gente com tais enfermidades? Depois,
inocentemente, lamentam a abstenção dos eleitores. É inadmissível a forma como
foi tratado o senhor Presidente da República quando teve um desfalecimento em
público. Agora, no debate quinzenal na AR, um deputado, com a agravante de ser
médico e sujeito ao seu código deontológico insinuou que se Passos Coelho se
deslocasse ao HSJ estaria sujeito a que os médicos iriam questionar o seu
estado mental. Esta cena fez-me lembrar um episódio passado há muitos anos.
Vivia connosco lá em casa a senhora Isabel, empregada com bastante idade
e que desempenhava o papel de governanta sendo já considerada da família.
Sempre que algum parente da aldeia necessitava de vir ao médico cá no Porto,
era lá em casa que se acomodava e ainda me lembra que traziam uma cesta com
fruta das suas terras do Douro. Um dia, um familiar chegou bastante combalido e
a senhora Isabel originou uma situação embaraçosa ao disparar como um tiro: o
senhor está tão branco que até parece um cadáver. A ironia do doutor João Semedo
na AR, brincando com a situação que criou, também causou embaraços à restante
bancada. Este deputado fez há anos a opção por aquilo em que se achava melhor
preparado estando os resultados à vista de todos pois mesmo com uma muleta, deu
cabo do BE. Por exclusão de partes, se tivesse optado pela medicina, a
profissão em que estava contrariado, está visto que seria um grande fornecedor
das agências funerárias. Para terminar, recorro à senhora Isabel, que se fosse
viva e o senhor fosse nossa visita, ao ouvi-lo, dispararia: senhor doutor, com
essa tosse (rouquidão) que o atormenta já há tanto tempo, se for ao IPO, os médicos não o
deixam sair de lá sem uma biópsia. Gostava deste disparo senhor doutor? Jorge
Morais
Nota de 02.09.2017
Longe de imaginar o
que viria a acontecer anos mais tarde com a saúde de João Semedo, que como é óbvio
lamento profundamente pois não misturo política com saúde, talvez por não ter
nascido já de esquerda como outros, esta carta foi publicada nos seguintes Jornais:
DN 29-06.2014 e
DESTAK 01.07.2014
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