Só faltou o Ionesco

Não consigo imaginar o ambiente de um discurso perante cadeiras vazias. O palestrante não deixará de sentir o vácuo da plateia a gelar-lhe o sangue. Ou então, se ainda tiver uns resquícios de espírito (auto-)crítico, questionar-se-á sobre a valia da mensagem. Sendo estas as reacções normais de pessoas normais, não acredito que tenha sido assim que um periódico da nossa praça acolheu a nada subliminar mensagem que os componentes do Eixo do Mal, transmitido pela SIC-Notícias no passado fim de semana, lhe pespegaram. No final do programa, nos termos da lei, foi lida, em forma de direito de resposta, a declaração do Correio da Manhã sobre algumas intervenções que os comentadores ali fizeram em Maio último. Creio que a decisão da ERC não “bebeu” em Ionesco. Já o silêncio, mesmo quando absurdo, pode ser eloquente, e aquela visão das cinco cadeiras vazias foi de uma lógica teatral arrasadora. Palpita-me que a “coisa” não fique por aqui, mas, até mais ver, se já sabia quem tem razão - e não é o CM -, fiquei esclarecidíssimo.