quarta-feira, 29 de novembro de 2017

BATEDORES DE PALMAS

Os homens dão sobretudo importância à sua própria conservação e à propagação da espécie. Só, em última instância, valorizam os artistas, os filósofos e os poetas. E, ainda mais nesta era tecnológica, nesta era de luta implacável pela sobrevivência, os valores do bem, do belo e da justiça são relegados para segundo plano. O amor de Jesus e Sócrates, a liberdade de Jim Morrison e Rimbaud, a revolução de Bakunine e Che Guevara, tudo isso é maldito para os controleiros do mercado e da finança, tudo isso é perigoso para os carneiros da TV, dos smartphones, do futebol e da família. Daí que nos queiram apartados uns dos outros, solitários, deprimidos, à distância do facebook, com conversas banais, repetitivas, com os pequenos e os grandes castradores dia após dia, com as cobras venenosas, com os abutres e os padrecas, com todos os inimigos da vida e o grande parque de diversões, o grande circo, a sociedade-espectáculo. Daí que nos queiram destruir, fazer a cabeça, com ilusões, com vedetas, com contos de fadas, escritores actuais inclusive, de modo a que fiquemos cada vez mais patetas, mais espectadores, mais batedores de palmas.

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