terça-feira, 28 de novembro de 2017

STATUS

Uso a palavra no sentido mais abrangente que a sua polissemia permite. Espoletado pelo artigo de Rui Tavares - "60.000 polacos numa marcha de extrema direita. Porquê?" - no PÚBLICO de 17/Nov. e aproveitando ser esse artigo que contém boa parte da resposta à pergunta que me baila na cabeça há muito - "porque será que gente inteligente e, alguma dela, culta,se mantém em posições ultra conservadoras que imensas vezes resvalam para a extrema direita?" -, aqui venho.
Tavares , com a sua conhecida argúcia, "culpa" a direita e a esquerda democráticas por não "perceberem" que "ideias se combatem com ideias" (sic) e aos discursos e actos nacionalistas, xenófobos e racistas, aquelas devem contrapor cosmopolitismo, universalismo e anti-racismo. Com a mesma argúcia, explanou, no texto, o porquê racional de os polacos não terem razões aquela marcha e aqueles "slogans", usando vários parâmetros da estrutura da sociopolítica da Polónia. Eficaz? Não sei. E porquê a minha dúvida? Pois, porque acho que nem toda a argumentação do mundo conseguirá demover "enquistamentos" de pessoas, grupos, países, quando, acossados pelo medo de perder, mesmo que imaginariamente, "Status", não hesitando em brandir bandeiras protofascistas numa rua aonde nunca viriam se não se julgassem "ameaçados". Alguns sabem bem o que "defendem", outros são simplesmente estúpidos. E, habitualmente, os primeiros "vivem" usando os segundos.

Fernando Cardoso Rodrigues

Nota: este texto foi publicado no PÚBLICO de 19/11/2017

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