A
quando da queda do muro de Berlim, os beneficiários e ideólogos do
capitalismo, prometeram um mundo novo. Um mundo de prosperidade e
de liberdade. Um mundo sem a ameaça do “comunismo” (as aspas são
para os citar, porque esta gente nunca fala em socialismo, mas sim em
comunismo. Tem mais impacto. Amedronta mais). E agora, passados todos
estes anos, aí temos esse tal “mundo novo”. Ou não será um
mundo velho? Para além de todas as injustiças que se acentuaram,
temos o maior numero de refugiados desde a 2ª Guerra Mundial e
chegou-se ao cúmulo de ter regressado uma das maiores infâmias da
história da humanidade: a escravatura. Ela é praticada já em larga
escala e às claras, por exemplo, na Líbia, em leilões. Na
sequência de uma reportagem da CNN sobre o assunto, o nosso
compatriota secretário-geral da ONU, António Guterres, já o
condenou. E alguns chefes de Estado, por exemplo, o da França,
também já lamentou.
A
Líbia, era um dos países da região mais desenvolvidos e com melhor
nível de vida. Mas, com as suas imensas jazidas de petróleo e gás
natural, e posição geo-estratégica, era uma tentação. Assim, os
tais que prometeram o tal mundo maravilhoso (neste caso mais a
França, a Inglaterra e a NATO. O maestro, os EUA, deu-lhes carta
branca), procederam à já clássica farsa: diabolizaram Kadafi, os
seus cães de guerra assassinaram-no cobarde e miseravelmente (foi
arrastado vivo atrás de viaturas e outras hediondas patifarias) e
depois, através de bombardeamentos massivos, arrasaram tudo o que
lhes impedisse de se apoderarem do país. A solução mais aceitável
e “democrática” seria através de um governo fantoche, mas o
tiro saiu-lhes um tanto pela culatra. Como no Afeganistão, perderam
o controlo aos cães de guerra, e estes, em matilhas, tomaram conta
do país, transformando-o num caos. Os desgraçados oriundos da
África mais profunda, em busca de melhor vida na Europa, ao tentarem
atravessar aquele país, caem nas mãos daqueles bandidos , são
feitos escravos ,e depois vendidos ou alugados.
Pelos
menos condenados moralmente, estes novos negreiros, são! E os
outros? Os que prometeram um mundo de paz e fartura? Os que
destruíram a Líbia, o Iraque e a Síria? Os que mandam na Europa e
no mundo? Esses não! Esses, são os mesmos que nos infernizam a
vida.
Temos
consciência de que esse dia está longe, mas temos um imperativo
moral: correr com eles e com o sistema de que beneficiam; o
capitalismo desumano e predador.
Francisco
Ramalho
Corroios,
24 de Novembro de 2017
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