sábado, 25 de novembro de 2017

#Polícias do fisco


Com este título escreve hoje Pedro Ivo de Carvalho, jornalista do JN: “Não cessa de me espantar a eficácia germânica do fisco português. Uma máquina tão, mas tão bem oleada que conseguiu a admirável façanha de nos transformar em exército esquizofrénico de fiscalizados e fiscalizadores. Fazemos o trabalho sujo e ainda pagamos.

A fuga às obrigações continua em níveis da América do Sul, mas a ideia que projectamos é de que, em matéria fiscal,  metemos os suecos num bolso. E isso nota-se nos  mais comezinhos rituais de consumo. Vamos ao pronto-a-vestir e ouvimos: “Quer com número de contribuinte?”Vamos ao café e ouvimos: “Quer com número de contribuinte?” Vamos ao hipermercado e o número de contribuinte já está associado ao cartão de descontos; mesmo assim, o simpático funcionário da caixa indaga se queremos com número de contribuinte.

Assimilamos esta cultura não como um dever cívico, mas como uma vírgula no meio de uma frase. Enquanto andarmos entretidos a fazer de polícias uns dos outros, os saqueadores continuarão a olhar-nos, soridentes e em silêncio, sentados nas núvens apaziguadoras dos paraísos fiscais.


Trancrito por Amândio G. Martins


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