Elas têm muito poder, e quando disso têm ainda consciência, tal poder torna-se invasor e perigoso. Começam sempre por saber rodearem-se de boas companhias e de amigos próximos com capacidade de intervenção e decisão. Reunidas as condições ideais e acima de básicas, aproveitam-se da sua feminina condição e ambição e lançam a rede ao mar das influências. Na armadilha acabam por cair os disponíveis voluntariosos de relevo, primeiro, e de seguida os desejosos de aventura, mas fragilizados. Um jogo começa a construir-se. Dentro de portas não demora muito a entrar na dança, a libido e o “ai se eu ti pego”. Os comprometimentos aumentam, e as dependências alinham-se. O jogo fica dispendioso, mas a aposta nele é aliciante. Anuncia-se então qual a proposta que atrai tanta gente influente. O projecto requer muitos milhões de euros. Aqui não há lugar a bitcoins. A moeda é aquela que o governo assegura e vai injectando. A Imprensa surge, toma lugar, e investiga os avanços da equipa que por lá se move e se orienta. A mulher que está na base de tudo, chega ao domínio da Associação que cria. Ela é bem formada. Começou a vender jornais num quiosque, e suspeita-se que os tenha lido, e assim se tornou mulher informada e culta. Os jornais são para isso que também servem. Porém chega o dia, em que os sinais de riqueza e o fausto exibido, faz surgir a desconfiança. O visual da mulher do quiosque que vendia jornais, agora é outro. Chamam-lhe doutora. Tem força, arrojo, determinação e vontade esta doutora. Arrasta para perto de si, gente importante, que se deixa enlear e enroscar na rede lançada para apanhar peixe graúdo. Mas a imprensa não desarma e vai no encalço dos intervenientes em tão magnânima Obra que requer milhões sem governo. O aperto é cada vez maior e surgem denúncias graves sobre os comportamentos dos personagens envolvidos em tamanha “generosidade social da Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras”. Ninguém lhe nega méritos. Mas descobrem-se com o tempo, os pecados, vícios, compadrios, desfalques, exageros em proveito próprio dos dinheiros públicos dispensados por bem e em boa causa. As relações quentes sobem à primeira página. Tornam-se notícia viral. São dados à estampa as viagens em busca de felicidade e de mãos dadas por areias escaldantes ou ao som de tango. Às perguntas dos jornalistas, as respostas são vagas e titubeantes. Não convencem. Mas a imprensa não desarma. Até que o caso aumenta de gravidade, e de tão sério, faz cair por terra quem foi consultor e secretário de Estado, vice-presidente e ministro de topo, e a fundadora e presidente da Obra erguida, que está agora em maus lençóis e sob investigação. Às mulheres ambiciosos e que aspiram ao luxo, para serem poderosas, está visto, que lhes basta uma pequena greta onde escondem grande engano, camuflado em tão relevante Casa das Raríssimas, capaz de derrubar um marco e um governo. Moralmente, o actual já está enfraquecido e a precisar de ser internado na Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras!
*(hoje no DN.madª)
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