Tendo por hábito dar-me bem com os vizinhos, sou, ao
contrário de muitos, daqueles que não concordam com a frase “de Espanha nem bom
vento nem bom casamento”. Assim, por ter Espanha como um bom exemplo, lamento
imenso que haja independentistas a quererem independência da Catalunha. A este
respeito tenho lido bastantes opiniões de portugueses literatos, com muitos
conhecimentos de história do país vizinho e também apoiantes da independência
que, quando confrontados com a Constituição de 1978 ter sido aprovada na
Catalunha por mais de 90% de eleitores, contrapõem que se as constituições
tivessem sido respeitadas em questões como “a queda do Muro de Berlim”, o nosso
caso da “Revolução do 25 de Abril de 1974” e pasmem, no caso de “Timor contra
os invasores indonésios”, estaria tudo igual ao que estava. Será que estas
comparações podem vir de pessoas que consideram ignorantes quem não esteja de
acordo com eles? Estou certo que caso Jerónimo de Sousa ouvisse estas calinadas
aproveitava para dizer o provérbio: “ Um burro carregado de livros é um
doutor”. Ora sendo eu próprio um iliterato mais vocacionado para a prática em
vez de teorias, dou mais valor às conversas que tenho com os interessados.
Ainda recentemente, no passado mês Outubro e em gozo dum curto período de
férias nos espectaculares Picos da Europa enquanto aguardava o teleférico em
Fuente Dé, cruzei-me com um grupo de aposentados espanhóis de Barcelona (que me
esclareceram ser “retirados”
vocábulo castelhano) para com quem não perdi a
oportunidade para trocar opiniões acerca do que por lá se está a passar. Pois
muito embora esta troca de impressões tenha sido apenas com meia dúzia de
pessoas e por isso mesmo não tenha o valor duma sondagem, o certo é que,
unanimemente se manifestaram por continuarem sendo espanhóis. Que assim
continuem são os meus votos para que Espanha continue a ser como sempre a
conheci.
Jorge Morais
Publicada no DN-M de 17.12.2017
Ilustração do leitor Paulo Pereira
Sem comentários:
Enviar um comentário
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.