Sou europeu convicto. E cada vez o sou mais, pese embora muito do que vai acontecendo nas estruturas institucionais da União Europeia (UE). Ou talvez por isso.mesmo. E sou-o porque a minha mundividência será sempre debruçada sobre espaços alargados, onde existem seres humanos que são "todos iguais" na sua essencialidade. Mal por mal, prefiro ver o mundo duma maneira não atomizada, tribalizada. Antes espalhar o olhar sobre muitos, que confiná-lo ao "lagar do meu quintal". Porque, necessariamente, tornar-me-ei mesquinho nesse confinamento.
Vem isto a propósito do que ouvi, ontem, no filme-documentário "Labirinto da Saudade", baseado em Eduardo Lourenço e naquela obra que escreveu. Disse ele, a páginas tantas: "se não formos europeus seremos colónias das nossas antigas colónias". E, mais à frente, o que retive foi a pergunta de um entrevistador a EL: "fazem sentido "nacionalismos e quejandos" num cosmos onde somos uma partícula ínfima?". Sei bem que a família, sendo um pequeno espaço, é fundamental, mas "extrapolá-la" para a sociedade sem leitura mais abrangente desta, é cada vez mais um risco em que as múltiplas "verdades" são tidas como paradigmas convictos.
Termino como comecei. Mesmo que a UE, através da sua Comissão diga a Portugal que tem que gastar menos em Saúde, e sabendo nós que o SNS está a definhar, a luta deve ser em alterar a visão daquela ( e a nossa, claro...). Bem como, nessa luta, impedir que os populistas ( e fascistas) da Áustria, Hungria, Polónia, obtenham as "benesses" económicas que querem, enquanto corroem a Europa por dentro com ideário e doutrina que se aproximam da Alemanha nazi. Por tudo isto... sou europeu convicto.
Fernando Cardoso Rodrigues
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