A doença terminal, letal e incurável não prolonga a vida, atrasa de forma desumana, cruel e atroz a existência. A dignidade cidadã também é sinónimo de poder escolher em consciência, face à sobrevivência vegetativa, se quer continuar o sofrimento ou não! O poder
decisório fundamentado e consistente deve ser levado a cabo pela escolha individual.
Assusta estar vivo, mas não viver, i. é. - sobreviver em extrema dor e agonia. Então para que se quer sobreviver, leia-se vegetar? Não faz sentido. Como sentido nenhum fez, a sobrevivência de minha mãe, nos idos de 1970. Doença terminal colocou-a numa dor indiscritível: ‘’ Filho, quando acabo?’’, pediu insistentemente. Cuidados paliativos servir-lhe-iam? Para quê? Prolongar-lhe o sofrimento? Ainda lúcida, caso houvesse eutanásia e despenalizada, tê-la-ia solicitado, para ter um fim digno e em paz. Não tive um médico amigo que a sedasse…
Hoje, prolongar o irremediavelmente perdido é desumano! O doente agónico, depois de
escrutinado, tem direito ao controle digno da sua existência e a escolher o seu fim. É um direito adquirido - à vida ou à morte. Urge respeitar a condição irreparável em que vegeta.
A decisão livre em consciência e consistentemente verificada de cada Ser, não pode nem deve constituir matéria referendável. A liberdade do Homem não se referenda. A autonomia do doente deve e tem de ser concretizada até ao fim. O direito à vida - no mesmo patamar que o direito à morte! Ponto.
A despenalização da eutanásia, para quem ajuda a morrer em paz, é uma vitória, também do humanismo. A eutanásia em si mesma - é, de facto, uma bondade!
Vítor Colaço Santos
Sem comentários:
Enviar um comentário
Caro(a) leitor(a), o seu comentário é sempre muito bem-vindo, desde que o faça sem recorrer a insultos e/ou a ameaças. Não diga aos outros o que não gostaria que lhe dissessem. Faça comentários construtivos e merecedores de publicação. E não se esconda atrás do anonimato. Obrigado.
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.