segunda-feira, 21 de janeiro de 2019


“Figuras públicas” a martelo...


Ainda o prof. Hermano Saraiva andava muito activo contou que um dia, quando chegava a casa, era ele ministro, veio a correr um filho dizer-lhe que, na televisão, lhe tinham chamado um nome feio; quis saber que nome tinha sido e o filho respondeu que lhe tinham chamado “figura pública”!

Parece que, na cabeça do miudo, essa conotação pejorativa teria a ver com a forma como, lá em casa, terá ouvido referir as senhoras que ganham a vida vendendo o corpo; e a verdade é que muitas das “figuras públicas” que a toda a hora nos são metidas pelos olhos pouco mais serão que aquelas, praticando actos não menos “tristes” para aparecer, seja de que forma for.

Não terão nada a perder e tudo que possa vir de menos mau é ganho, mas a forma como hoje toda a gente se expõe nas “redes sociais”, sem ter a mínima noção dos riscos, mostrando aspectos da sua vida que só serão interessantes para elas, mas achando que vão deixar extasiados uns quantos basbaques, revela bem a sede que têm de notoriedade a qualquer preço.

Diz no JN José Manuel Diogo, “especialista em Media Intelligence”, a propósito do  hacker do Benfica, “que a maior parte das empresas portuguesas ainda trata a Internet como uma espécie de carteiro inofensivo e com asas que manda e recebe cartas sem precisar de selo. Põem alarme em todas as janelas do escritório mas não vigiam os computadores e os smartphones, que são uma porta escancarada para dentro de casa”.
                                                 (...)
“E quando o frigorífico começar a encomendar sozinho 300 iogurtes por dia, até podemos achar graça, mas se o carro autónomo do vizinho nos entrar pelo quintal  ou as comportas das barragens se fecharem e ninguém tiver água em casa não  vai ser bom; nem quando aviões comerciais forem desviados do destino e navios de guerra bombardearem cidades sem autorização de quem comanda”...


Amândio G. Martins



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