A
Espanha seguiu emocionada a demorada e complexa tentativa de salvar o
menino que caiu no furo de prospeção e ficou consternada com o
triste desfecho. A Espanha, até Portugal e com certeza, grande parte
da Europa. O caso do menino sírio que foi encontrado morto numa
praia da Turquia, ainda teve maior repercussão, porque vale mesmo
mais uma imagem que mil palavras. A foto do seu corpinho inanimado
foi projetada globalmente e a consternação foi universal.
O
primeiro caso, deveu-se a lamentáveis descuidos. O facto do furo
estar destapado e a negligência de quem cuidava da criança. A
segunda tragédia, como se sabe, teve origem bem diferente. O infeliz
Alan, fugia com a família dos horrores da guerra.
Só
durante o espaço temporário entre a morte dos dois, quantos meninos
e meninas não morreram devido ao efeito direto ou indireto da
guerra, da subnutrição, de doenças até curáveis e de outras
brutalidades? Milhares!
Na
tentativa para se salvar o pequenino Julen, não se olhou a meios. E
ainda bem! E para evitar a morte de Alan, dos outros milhares de
meninos e meninas e adultos vítimas da barbárie, o que é que se
fez? Zero! Esses, nem sequer sabemos o nome de um único. Esses,não
passam de números. De estatísticas.
A
credível organização OXFAM, divulgou recentemente o seu relatório
anual. E que diz esse relatório? Diz que o capitalismo está cada
vez mais predador; os ricos estão cada vez mais ricos (tiveram um
aumento de 13% e o seu número também aumentou) e os pobres cada vez
mais pobres.
Números
impressionantes! Apenas um exemplo: 1% da população é detentora de
80% da riqueza mundial.
Já
o nosso grande Almeida Garrett dizia: “ E eu pergunto aos
economistas políticos, aos moralistas, se já calcularam o número
de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho
desproporcionado, à desmoralização, à infâmia, à ignorância
crapulosa, à desgraça invencível, à penúria absoluta, para
produzir um rico?”
Portanto,
o grande humanista, volta a estar cada vez mais atual. Acrescentaremos apenas
que o capitalismo, para além de todas essas ignomínias, é o
principal fautor da guerra. De meninos e meninas e adultos mortos
sem nome.
Francisco
Ramalho
Corroios,
26 de Janeiro de 2019
Subscrevo. Na íntegra. Os bur(r)ocratas da UE serão cangalheiros? Serão cegos? Serão surdos? Serão sobretudo nada, do que tudo... Ah!, os números sempre à frente das pessoas, mas... 'A ira dos mansos é terrível!', Miguel de Unamuno. O enorme escritor, José Rodrigues Miguéis, dizia 'Para haver um rico é preciso 100 pobres!'. Isto há algumas décadas. Agora, constata-se que a desproporção é maior, muito maior, a favorecer quem se apropria das mais-valias da força de trabalho, fazendo uma iníqua distribuição da riqueza... Não haverá de ser sempre assim!...
ResponderEliminar