A propósito da nomeação de João Miguel Tavares (JMT) para coordenar as comemorações do próximo 10 de Junho, já tomámos aqui (diversas) posições. Aí vai mais uma.
Não sei se o famoso articulista tomou (sem ofensa) o freio nos dentes e se entusiasmou com a notoriedade que lhe deram e a publicidade que lhe tem sido feita, passando a considerar legítima toda e qualquer opinião, na condição de vir de si próprio. Deve estar mais ou menos seguro quanto a uma possível “destituição” do novel cargo, porque, penso eu, nunca tal aconteceu. Mas, com crónicas como a que publicou hoje no Público, não sei se não deveria pensar duas vezes. Bem sabemos que Marcelo é um bonacheirão que nunca faria figuras tristes, mas…
Não é que o “nosso” JMT, para desenvolver a sua profundíssima tese, se socorre do não menos valoroso “filósofo” Camilo Lourenço? E para quê? Para provar que, em Portugal, não há racismo, porque o militar mais condecorado da nossa História (esqueceu-se de dizer por quê e por quem) é um negro, Marcelino da Mata de seu nome, de quem os mais velhos se recordarão, sobretudo os que passaram pela Guiné.
Acenar com Marcelino da Mata para, parafraseando o seu “mentor”, concluir que “Portugal não é um país racista”, faz-me lembrar Marcello Caetano que, para provar que Portugal não tinha censura, dava o exemplo da existência do “Comércio do Funchal” (o do Vicente Jorge Silva, lembram-se?).
Sobre os “crimes de guerra” do Marcelino, passou como gato sobre brasas, porque não os conhece, nem tem forma de saber. Mas, c’os diabos, isso é um pequeno detalhe, não compensa o trabalho, não importa. Caiu-me fundo foi o pungente apelo de JMT: dêem voz ao homem.
Mas, por favor, afastem-no das armas, digo eu, porque, mesmo aos 78 anos, nunca se sabe...
Infelizmente para mim, não poderei escrever hoje ao PÚBLICO com conhecimento ao próprio JMT. Apesar do vento, terei que ir a Lisboa e só regressarei amanhã. No entanto não posso deixar de comentar o seu texto pois o José merece-o e o conteúdo muito mais. E o comentário é uma aquiescência com tudo o que diz. Andei eu a defender a cultura do jornalista e ele faz uma afirmação de ignorância destas! Ainda por cima num tema e sobre uma personagem tenebrosa como é Marcelino da Mata! Prometo-lhe José que escreverei ao jornal c/c a JMT, amanhã ou depois. E darei conecimento da carta aqui no blogue.
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