terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Maduro não é Chávez


A eleição democrática de Hugo Chávez, em 1998, como expressão da vontade popular de combate à pobreza, à corrupção e à austeridade neoliberal vigentes com Carlos Andrés Pérez e Rafael Caldera, levou-me a acalentar alguma esperança na transformação social do país. Chávez morreu em 2013 e sucedeu-lhe Nicolás Maduro, ocupando a presidência interinamente, por cerca de um mês, até às eleições em que, sem contestação válida, derrotou Henrique Capriles por uma escassa diferença de 1,5 pontos percentuais, a contrastar fortemente com a vantagem de mais de 10 pontos que Chávez tinha imposto, no ano anterior, ao mesmo adversário.
Esta sucessão de “normalidades” coincidiu no tempo com a extrema degradação das condições económicas do país, por força do “afunilamento” da economia, centrada na exploração do petróleo. As dificuldades crescentes levaram, nas eleições legislativas de 2015, à derrota de Maduro, peremptoriamente reconhecida por ele "em nome da ética".
Para contornar as dificuldades de governação que a Assembleia Nacional, dominada pela oposição, lhe criava, Maduro “desenhou” uma Assembleia Constituinte que, em 2017, se auto-atribuiu poderes superiores a todas as instituições do país.
A partir daqui, a “história” é conhecida. Pelas irregularidades cometidas nas eleições de 2018,  os resultados não foram reconhecidos por grande parte da comunidade internacional. E a obstinação de Maduro em recusar eleições sem mácula de qualquer pecado mais não é do que a assunção da sua própria ilegitimidade como Presidente da República.

4 comentários:

  1. Totalmente de acordo om o "desenho" que traçou. Acrescentando o "pormenor" das prateleiras estarem vazias e e os doentes sem tratamento. A debandada de três milhoões de pessoas não acordará nada na cabeça/coração do homem?

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    1. Talvez a pensar nos carentes - os que emigram e os que permanecem - o próprio José Mujica, ex-presidente do Uruguai, tão pouco falado, mas um exemplo quase único para o Mundo e para os políticos, embora considerando a imposição europeia de novas eleições como eventualmente "louca" e não ser perfeita, preconiza-a como talvez a única saída para a resolução da crise venezuelana.
      Haja juízo, porque nada justifica o derramamento de sangue de inocentes. E de pouco lhes valerá, às vítimas, saber de quem é a culpa.

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  2. E só um sujeito completamente desonesto e incapaz para tão altas funções pode acusar um país de o boicotar, como fez com Portugal há um ano, só porque uma empresa privada portuguesa, com a qual já tinha contas atrasadas por pagar, se recusou a fornecer-lhe o "pernil" que, demagogicamente, tinha garantido que não iria faltar ao seu povo no Natal...

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  3. Pois é! O problema é só o afunilamento da economia. O problema é só o Maduro. Tudo à sua volta são anjos celestiais. Ele é o único diabo. Tira-se de lá o Maduro e a Venezuela volta a ser o paraíso. Claro que estou a caricaturar a situação! Mas ainda há bocado ouvi na Antena 1 o Sec. de Estado dos vampiros, perdão, dos EUA, ameaçar a Venezuela com novas sanções. Se são novas, não havia velhas, amigo José Rodrigues?É a sua opinião afunilada. Mas essa do paraíso anterior não é para si. O Zé já tinha dito como era aquilo antes do Chávez com os "social-democratas". Os mesmo que alguém aqui tanto glorifica e que estão a abrir as portas ao fascismo.

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