sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

A revolta de Assis


Raras vezes concordo com o pensamento de Francisco Assis, o que não me impede de lhe reconhecer sempre sólida erudição. O artigo “O valor da revolta”, publicado no passado dia 24, no PÚBLICO, concitou a minha absoluta concordância porque trata de um daqueles acontecimentos que despertam a premência de intervirmos, mas que, por falta de informação total, receamos não abordar com isenção e acerto. Os acontecimentos no bairro Jamaica arrancaram ao autor um autêntico “grito de alma”, bem consubstanciado nos detalhes que sublinha. A serenidade e sobriedade que entreviu na intervenção de uma jovem de origem africana, a exaltação do valor sublime do respeito pela dignidade humana, a inevitabilidade e moralidade da compreensível revolta, os avisos quanto a perigos visíveis em determinadas paragens da extrema-direita, as certeiras acusações a órgãos de informação que empobrecem o espaço público com o recurso a doses inacreditáveis de debate de acontecimentos desportivos, a recomendação aos responsáveis políticos de que o momento actual exige que se tenha “muito juízo”, tudo mereceu o inteligente reparo de Assis. E não esqueceu a tomada de partido de Joana Mortágua, a quem exprime solidariedade política e pessoal, pela parte mais fraca, lembrando que, por vezes, este é um critério legítimo de nos posicionarmos na vida.
P.S.: Penso que o PÚBLICO errou no lead, imputando à PSP uma referência que Assis pretenderia atribuir a Joana Mortágua.

2 comentários:

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