quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

É a desigualdade, pois!


Muito mais se falou da programação da TVI – e dos criminosos que entrevista – ou da da SIC – e de alguns “penetras” telefónicos - do que das palavras do Papa Francisco, proferidas durante a sua primeira mensagem de 2019. Naturalmente dirigidas aos católicos, as suas exortações revelam alguma incompreensão, para não dizer repúdio, da prática institucionalizada na comunidade que chefia, que acha suficiente inclinar-se no genuflexório e papaguear umas quantas ladainhas, julgando assim o dever cumprido. Francisco, no entanto, quer lembrar as origens cristãs, convidando os católicos à intervenção na vida económica, social ou política. Não deveriam tais palavras cair no saco roto de “primos” afastados, também cristãos, designadamente os que, sobretudo no lado de lá do Atlântico, evangelicamente se agarram à “palavra”, mesmo que enrodilhada, mas entoada pelos “devotos” Trump, Bolsonaro e apoiantes. Parece inevitável que os tempos continuarão a evidenciar que um problema aflitivo da Humanidade é o aprofundamento das desigualdades, sem que se veja saída airosa desse atoleiro, como em recente Expresso Curto avisava a jornalista Elisabete Miranda, citando o historiador Walter Scheidel. Há, contudo, quem declare, como Henrique Raposo, assumido liberal-conservador (com hífen, pois claro), que “o problema não é a desigualdade, mas o empobrecimento da maioria”. Está enganado, e bem se vê que, com a concentração do capital acumulado cada vez mais em menos mãos, uma coisa leva à outra.

1 comentário:

  1. As "religióes" no seu "esplendor"!... O Bolsonaro é que "sabe": Deus acima de tudo....

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