segunda-feira, 18 de março de 2019

Desemprego e precariedade não acabam porque são negócio



Para além de utilizar o desemprego como arma para baixar salários e retirar direitos aos trabalhadores, o capitalismo associou-o à precariedade e criou um negócio, através das empresas de trabalho temporário, cujo lucro é produzido a alugar pessoas a outras empresas.

Em 2018, a precariedade atingiu quase 900 mil trabalhadores. No início de 2019, o número desempregados oficial inscritos nos centros de emprego ultrapassa os 350 mil, embora o número real seja substancialmente superior e cerca de metade dos inscritos não recebe qualquer subsídio.

O negócio do trabalho temporário aumentou cerca de 50% nos últimos cinco anos, tendo crescido a uma média de 9% ao ano. A facturação continua a crescer, em 2018 foi de 1350 milhões de euros, mais 6,1% que no ano anterior. Das 220 empresas existentes, 106 estão na região de Lisboa e 74 no Norte. As cinco maiores empresas de trabalho temporário registam 40% do volume de negócios.

Cerca de 100 mil trabalhadores foram movimentados/alugados pelo trabalho temporário, sendo mais de 70% dos contratos celebrados inferiores a três meses e a termo incerto. Quase 60% dos trabalhadores têm menos de 35 anos.

Foi em 1989 (30 anos), no governo de Cavaco Silva/PSD, que a actividade das empresas de trabalho temporário foi regulamentada na lei, sendo ministro do Emprego e da Segurança Social, José Silva Peneda, actual assessor do presidente da Comissão Europeia. Foi mais um passo na desvalorização do trabalho e dos trabalhadores.

Antes, em 1976, o governo de Mário Soares/PS, tinha dado o pontapé de saída para legalizar a precariedade, com os contratos a prazo, sendo ministro do Trabalho, Marcelo Curto. Foram as primeiras facadas no direito ao trabalho e segurança no emprego, conquistados com o 25 de Abril e consagrados na Constituição da República.

Os mais de 40 anos de política de direita e pró-capitalista explicam porque é que o negócio da precariedade não acabe e que se mantenham 22% do total de trabalhadores, com contratos a termo ou a prazo. Com o governo PS, desde 2015, a precariedade não diminuiu, apesar de promessas em sentido contrário. A precariedade no trabalho arrasta a precariedade para a vida das pessoas. Muito tem que mudar, para que a precariedade e o desemprego não sejam para sempre.

2 comentários:

  1. Li o seu texto com atenção ( hoje também no PÚBLICO). Considero-o um contributo muito válido para a discussão, pela seriedade que a ideologia que lhe subjaz não diminui.

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