Para além de utilizar o
desemprego como arma para baixar salários e retirar direitos aos trabalhadores,
o capitalismo associou-o à precariedade e criou um negócio, através das
empresas de trabalho temporário, cujo lucro é produzido a alugar pessoas a
outras empresas.
Em 2018, a precariedade
atingiu quase 900 mil trabalhadores. No início de 2019, o número desempregados
oficial inscritos nos centros de emprego ultrapassa os 350 mil, embora o número
real seja substancialmente superior e cerca de metade dos inscritos não recebe
qualquer subsídio.
O negócio do trabalho
temporário aumentou cerca de 50% nos últimos cinco anos, tendo crescido a uma
média de 9% ao ano. A facturação continua a crescer, em 2018 foi de 1350
milhões de euros, mais 6,1% que no ano anterior. Das 220 empresas existentes,
106 estão na região de Lisboa e 74 no Norte. As cinco maiores empresas de
trabalho temporário registam 40% do volume de negócios.
Cerca de 100 mil trabalhadores foram
movimentados/alugados pelo trabalho temporário, sendo mais de 70% dos contratos
celebrados inferiores a três meses e a termo incerto. Quase 60% dos
trabalhadores têm menos de 35 anos.
Foi em 1989 (30 anos), no
governo de Cavaco Silva/PSD, que a actividade das empresas de trabalho
temporário foi regulamentada na lei, sendo ministro do Emprego e da Segurança
Social, José Silva Peneda, actual assessor do presidente da Comissão Europeia.
Foi mais um passo na desvalorização do trabalho e dos trabalhadores.
Antes, em 1976, o governo de
Mário Soares/PS, tinha dado o pontapé de saída para legalizar a precariedade,
com os contratos a prazo, sendo ministro do Trabalho, Marcelo Curto. Foram as
primeiras facadas no direito ao trabalho e segurança no emprego, conquistados
com o 25 de Abril e consagrados na Constituição da República.
Os mais de 40 anos de política
de direita e pró-capitalista explicam porque é que o negócio da precariedade não
acabe e que se mantenham 22% do total de trabalhadores, com contratos a termo
ou a prazo. Com o governo PS, desde 2015, a precariedade não diminuiu, apesar de
promessas em sentido contrário. A precariedade no trabalho arrasta a
precariedade para a vida das pessoas. Muito tem que mudar, para que a
precariedade e o desemprego não sejam para sempre.
muito oportuno.
ResponderEliminarLi o seu texto com atenção ( hoje também no PÚBLICO). Considero-o um contributo muito válido para a discussão, pela seriedade que a ideologia que lhe subjaz não diminui.
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