Nestes dias sombrios
que vivemos, em que o efeito das famigeradas alterações climáticas
já se faz sentir com tanta intensidade; são as calotes polares a
derreter, são tempestades sempre mais violentas e frequentes, são
secas cada vez mais prolongadas, e são os efeitos de tudo isso:
incêndios florestais devastadores, espécies que se extinguem,
desertos que se expandem, oceanos que sobem de nível, e são as
negras perspetivas de um planeta continuamente mais degradado.
Perante tão negro
quadro, perante tanta ganância que se traduz na devastação de
florestas, na poluição de rios e mares, na contínua emissão de
dióxido de carbono e de outros gases com efeito de estufa fazendo
subir a temperatura atmosférica e, perante tanta passividade, digam
lá se não é uma autêntica pedrada no charco, o movimento global
#FridaysForFuture, criado pela jovem sueca Greta Thunberg, para lutar
contra tudo isto?
Mas, evidentemente,
não devemos embandeirar em arco, porque o que está em causa mexe
com enormíssimos interesses e a irreverência e entusiasmo da
juventude é fugaz, e a inércia imensa. No entanto,são sementes que
ficam. Para já, foram muitos milhares na Europa ( em Portugal,
escolas de quase de 30 cidades, aderiram), na América, na Austrália
e um pouco por todo o mundo, jovens estudantes, fizeram greve às
aulas e manifestaram-se por esta causa tão nobre e absolutamente
vital.
Dois exemplos
concretos do que está em causa: o ciclone e as chuvas torrenciais
prolongadas em Moçambique, Zimbabwe e Malawi e o que tanta gente
ainda mal se apercebeu, a seca aqui em Portugal. Zonas no Alentejo e
Algarve onde já é mesmo classificada de severa, já estamos quase
em Abril, e não há previsão de chuva.
Portanto, no
primeiro caso, são tão graves e evidentes os efeitos, que a
consternação é mundial. No nosso caso, até há dias em que o
Governo e a comunicação social começaram a falar no assunto, a
indiferença era ainda quase total. Havendo até bastante
entusiasmo com o “bom tempo”. Portanto, por tudo isto, só nos
podemos regozijar com a iniciativa dos jovens estudantes e incitá-los
para que não se fiquem por aqui. Aliás, é o futuro deles e da
própria humanidade, que está em causa.
Francisco Ramalho
Corroios, 20 de
Março de 2019
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