Há quem goste de navegar contra a corrente. Normalmente, obtém três resultados: retroceder na vida, não avançar nem recuar, ou avançar (por falta de força) embora mais devagar do que o comum dos mortais. Em todos os casos, com muito esforço,
porque, na realidade, a corrente avança sempre, indiferente à renitência do teimoso reaccionário. Transpondo o exemplo para as nossas auto-estradas, voltamos ao estafado episódio do “inteligente” que, em contra-mão, acaba por semear desastres e, às vezes, a morte. Pensando sempre que os outros é que estão errados.
O juiz Neto de Moura deve pertencer a esse tipo de pessoas que, em conjunto, segundo os meus “rigorosos” cálculos até à décima, são 0,1% dos portugueses. Grosso modo, fazem uma multidão de dez mil pessoas. Não enchem um médio estádio de futebol, mas conseguem poluir muito o ambiente. E, todos juntos, ainda vão fazendo algum ruído, perceptível ao ouvido paciente dos outros todos. No dito espirituoso de Catarina Martins, do Bloco de Esquerda, face à ameaça do “justiceiro” de abrir um mega-escritório especializado em processos por ofensas à honra pessoal e profissional, vai ter de meter em tribunal a maioria do país, isto é, os restantes 99,9%. Vai ser um regabofe de trabalho para advogados, juízes, meirinhos e restante parafernália de ajudantes da justiça. Só ardinas a vender papel selado à porta dos tribunais, vai ser um vê se te avias. Fora os farmacêuticos que não terão tempo de se coçar com tanta afluência de compradores de calmantes e analgésicos.
Ninguém terá contribuído tanto nos últimos tempos para o aumento do emprego no sector da justiça. Se falhar neste seu objectivo, só vejo possibilidade de, como sucedâneo, pedirmos a Bruno de Carvalho que o substitua nesta tão nobre missão de andar às arrecuas.
Público - 07.03.2019 (com cortes da responsabilidade do autor).
A propósito, não perder o "Gente Que Não Sabe Estar", do Ricardo Araújo Pereira, no Final do Telejornal das 20h de hoje, da TVI.
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