terça-feira, 23 de abril de 2019

A POSIÇÃO DOS ANARQUISTAS FACE AO ESTADO, AO CAPITALISMO E À REVOLUÇÃO

A revolução é quase impossível sem o recurso à violência. O Poder jamais se entregará de mãos beijadas. Karl Marx declara que os objectivos revolucionários só podem ser concretizados através do "desmoronamento violento de toda a ordem social tradicional". Bakunine, por sua vez, afirma que a revolução é uma guerra e que, portanto, implica destruição. Para Proudhon, os motins, as violências de rua, os carros incendiados, os vidros das lojas e dos bancos partidos não são mais do que meios de acelerar o curso da História. Para nós, anarquistas, a única revolução que importa é aquela que é desejada e realizada por homens e mulheres livres, que tenham tomado consciência da sua missão, não remetendo para o partido ou para um "salvador supremo" o cuidado de organizar o presente e o futuro. Para que a revolução se realize materialmente, é necessário, em primeiro lugar, que se efectue espiritualmente. Daí o trabalho de organização e estudo. As tarefas de propaganda e de penetração das ideias libertárias nas organizações dos trabalhadores, na juventude, na pequena burguesia, nos intelectuais, em todos os potenciais revolucionários são fundamentais. Urge o estudo dos problemas da autogestão, dos sindicatos, dos conselhos operários, das cooperativas de produção e do funcionamento da sociedade em geral.
"O nosso ideal é um ideal de amor. Não temos o direito de nos arvorarmos em juízes ou em carrascos. O nosso desejo, o nosso orgulho, o nosso ideal é de sermos libertadores". Assim fala Malatesta. Os anarquistas desejam uma sociedade sem violência, onde as federações de comunas livres substituem o Estado tradicional. No entanto, vivemos numa sociedade em si violenta, opressora, castradora, controladora da pessoa humana e onde o Estado, ao serviço do Big Brother e do capitalismo,  desempenha um papel de polícia assassino e castrador. Nós, homens e mulheres livres, não podemos ficar quietos e calados a olhar. Queremos um mundo de harmonia, de iniciativas livres, de celebração. Somos contra todas as formas de autoridade. Não suportamos leis, exércitos, polícias e todas as forças que defendem os privilegiados. Defendemos a liberdade livre, absoluta. E o Estado e o capitalismo são a negação da liberdade.

2 comentários:

  1. Nem sabe como lhe agradeço este seu texto... explicativo! É de uma linearidade a toda a prova sobre a sua ideologia! Se com ela consegue "catequisar" ( acho que esta palavra me é lícita, dado o "... não sem que antes ( da revolução material) seja necessário que ela se efectue espiritualmente") alguém, isso já não sei. Porquê? Então como se concilia necessidade da violência como método de acção e depois se diga que "o nosso ideal é o amor" (sic)? Mais, se diga que "os anarquistas desejam uma sociedade sem violência"? Há violências "à la carte"?!
    Se até à data o A. Pedro vem publicando "gritos de alma" que, repetitivos, misturam ou alternam ideologia, estados de saúde e outros (epi)fenómenos pessoais, desta vez largou de vez Jesus neste seu exemplar texto "pedagógico". Por isso lhe agradeço uma vez mais. Como diria um poeta, rememorei o que já sabia e sei que... por aí não vou!

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