Nâo necessariamente da dita Medicina mas de algumas afirmações que o seu director, António Vaz Carneiro, exprimiu na entrevista que deu ao PÚBLICO de 9/4, sob o título "Não faz sentido check-ups anuais". Logo esta frase é demasiado definitiva para o que tenho a dizer. Percebendo claramente aquilo que Sobrinho Simões nos vem dizendo sobre o exagero de tratamento de cancro incipientemente "in situ", cuja evolução não se sabe qual será, por razões científicas e até ( porque não dizê-lo?) económicas, não posso concordarque Vaz Carneiro seja tão generalizante na sua asserção. Muito menos que se sirva do exemplo do PSA para ajuda do diagnóstico do cancro da próstata. Bem sabemos que uma positividade não é sinónimo de cancro do dito orgão, mas a determinação anual (?) a partir de certa idade pode dar indicação da possibilidade, por alteração do valor anterior, e assim iniciar outros exames complementares que indicarão uma terapêutica ou somente vigilância clínica. E é somente uma colheita de sangue e... barata. Porquê prescindir disto quando, diagnosticado a tempo, este cancro é curável? Faz-me "impressão" esta contenção exagerada na clínica, quase que por contraposição "teimosa" ao avanço galopante da investigação que nos oferece possibilidades! "Bom senso" ( embora não saiba muito bem o que isso é...) sim, radicalismo por oposição, não! O importante ficou aqui dito mas não posso deixar de estranhar que, em mais dois pontos, o Prof. Vaz Carneiro, tenha dado exemplos "precipitados". Então a proscrição do leite de vaca é um "mito"(sic) pois só se justifica na intolerância à lactose?! E a alergia às proteínas do mesmo, não existe? E com isto não estou a dizer que esse leite não é um bom alimento na generalidade dos casos. E quanto à percentagem de 60% de cancros aleatórios? Ficariam 40% para os hereditários? Curioso que, no "Ptós e Contras" ouvi que estes últimos eram de 5 a 10%. É certo que este derradeiro valor lhe dará mais razão ao seu argumento em título, mas o problema aqui é de informação rigorosa.
Fernando Cardoso Rodrgues
NOTA: Este texto foi enviado ao "Cartas ao Director" do PÚBLICO em 14/4.
Dr. Fernando Rodrigues, antes de mais, um cumprimento pelo “ olho de águia “ sempre atento!
ResponderEliminarNão conheço o Dr. Vaz Carneiro, por isso estou à vontade para lhe dar o “ benefício da dúvida “ entre o que foi dito e o que o autor da entrevista entendeu - por um lado, é muito mais “ cativante “ ir contra a corrente , por outro, veja-se o exemplo recente ( que o seu olho também captou ) da “ vacina da pneumonia “ ...
Se intuitivamente, tudo o que disse fez sentido, não podia fazer o mesmo erro do jornalista. Assim, e como por razões “ cromossomicas “ que o meu nome já faria suspeitar, não tenho interesse pessoal ( e felizmente familiar também não ) sobre o tema , fui pesquisar :
A pubmed é uma base de dados de artigos científicos de confiança. Só no ano passado e primeiro quadrimestre de 2019 foram publicados CENTENAS de artigos sobre o tema PSA e rastreio do cancro da próstata - o que revela ser um assunto longe de “ encerrado”. Ficando com revistas de maior impacto, ainda ficam DEZENAS de artigos.
Estão em estudo marcadores geneticos que poderão ser mais interessantes que o PSA, mas actualmente é graças a ele que a mortalidade por cancro da próstata diminuiu em vários países!
Para mim, bom senso é pensar que não existem doenças , e sim DOENTES , e o seguimento e vigilância , sendo a decisão de fazer exames mais invasivos INDIVIDUALIZADA , será a atitude mais acertada, porque em medicina as generalizações são quase sempre perigosas ...
Se isso não bastasse , a “ saída “ do leite de vaca e da lactose é ainda mais perigosa!
Com a intolerância à lactose posso eu bem, e sem dúvida que o leite de vaca é um alimento com excelentes propriedades nutricionais para a maioria das pessoas , mas uma alergia alimentar é assunto sério!
Ainda bem que cultiva o seu “ apreço pela correção “ !
Espero que a sua carta tenha a divulgação que merece !
Por muito que pareça impossível, só hoje li o seu comentário, Lúcia. Grato por ele.
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