quinta-feira, 25 de abril de 2019


“Recordações de Abril”


Transcrevo com gosto as sextilhas que seguem, de autoria de D. Fátima Carneiro, mulher do capitão de Abril Castro Carneiro, publicadas hoje no JN.


Recordo o dia 25 de Abril
e a alma desse dia Primaveril.
Recordo ainda hoje o que senti.
Recordo as emoções entrelaçadas,
o medo e a esperança de mãos dadas.
Estive lá. Chorei e ri. E eu vivi.

Recordo ainda todos os momentos,
com o sol a aquecer os sentimentos.
Os rostos de um povo a sorrir.
Recordo os militares corajosos,
os capitães fortes e valorosos,
recordo as espingardas a florir.

Recordo a gente a saír de suas casas,
com o olhar a brilhar e a ganhar asas
e a voar nesse dia sobre a História.
Recordo o sonho a ser realidade,
de poder abraçar a liberdade.
Recordo a alegria da Vitória.

Recordo o povo com os militares
e a força do querer nos seus olhares.
Recordo a força daquela união.
Recordo as portas das prisões a abrir.
Os presos políticos a saír
com lágrimas e sorrios de emoção.

Recordo o silêncio das espingardas,
e o verde-esperança daquelas fardas.
Recordo as senhas da Revolução.
Recordo olhares sem sono e sem medo,
nessa madrugada que acordou mais cedo.
Recordo o cravo que eu tinha na mão.

Recordo estes anos já passados,
alguns sentimentos alterados
e as desilusões que já surgiram.
Recordo os militares da Revolução
que tenho dentro do meu coração.
Recordo os capitães que já partiram.

Recordo já quarenta e cinco anos,
salpicados de ilusões e desenganos.
Recordo o Abril que ainda está presente.
Recordo a frase que ainda faz sentido
“O povo unido jamais será vencido”.
Portugal caminhará sempre em frente.


Amândio G. Martins


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