“Aviário de porcos”...
Há muitos anos, vivia eu em Santo Tirso, conheci um
empresário de tal sucesso que até já tinha logrado uma comenda de mérito; mas o
que tornou o homem popularmente famoso nem foram os seus feitos industriais,
mas as suas tiradas “fora da caixa”, como agora se diz.
Estávamos no tempo em que havia um incremento dos aviários
um pouco por todo lado e ao homem, que dispunha de um terreno desocupado,
ocorreu-lhe a ideia de investir nesse negócio, mas o que lhe parecia mais
promissor seria um “aviário de porcos”, que dos outros já havia muita coisa.
“Refrescar o crédito” é também de sua patente; quando algum
colega do ramo têxtil se encontrava com ele, para tratar assuntos de interesse
comum, mesmo que os negócios do homem não fossem lá essas coisas, se o carro em
que se deslocava lhe não parecia o mais
representativo, uma das coisas que sempre recomendava era que se disfizesse
daquilo e comprasse um carro que desse nas vistas, porque aonde quer que fosse
com aquela carripana vulgar entrava logo derrotado, pois apresentar-se com um
carro novo e de boa marca era indispensável para “refrescar o crédito”.
Vem esta lengalenga a propósito do que se diz no “Dinheiro
Vivo” acerca das empresas que, mesmo tendo sofrido quebra nos lucros, vão
distribuír os mesmos dividendos do ano anterior; quando os lucros baixam, as
administrações tentam segurar o dividendo, para evitar serem olhadas de soslaio
pelos accionistas, que são quem escolhe e avalia os gestores.
Menos lucro mas o mesmo prémio aos accionistas transforma as
empresas portuguesas nas mais generosas nos dividendos; mas as empresas,
segundo a gestora de activos Schrouders, não devem distribuír mais de metade
dos lucros, para poderem ganhar músculo financeiro que lhes garanta reforçar
investimentos e continuar a crescer; só que no caso das nossas cotadas é mais
que chapa ganha, chapa distribuída...
Amândio G. Martins
A eterna preocupação com o “ parecer” em vez de “ ser” , não se confina, infelizmente, ao “ mundo empresarial 🤔🤔
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