José Afonso foi um homem demasiado grande para caber nesta humilde recordação. Estaria a fazer 90 anos. Partiu cedo.
Em traços telegrafados, o processo de consciencialização política inicia-se durante a campanha eleitoral de Humberto Delgado, acentua-se nos inúmeros concertos, com outros companheiros: José Mário Branco, Fausto Bordalo Dias, Sérgio Godinho, Adriano Correia de Oliveira, Francisco Fanhais, Luís Cília, a cantar as lutas dos operários e camponeses na clandestinidade. Culmina num concerto dado na noite de 24 de Março de 1974, onde a canção popular, 'Grândola Vila Morena' servirá de senha para o pronunciamento militar desencadeado na madrugada do 25 de Abril. Actuaram Carlos Paredes, Vitorino, José Jorge Letria, Fausto, Manuel Freire e Adriano. José Afonso foi o melhor e maior cantautor popular português e cidadão exemplar. Nenhum outro chegou tão longe na mensagem dada através das letras cantadas, que servem para despertar consciências. Atribuía mais importância ao que dizia do que à música. Após as confrontações militares do 25 de Novembro, acompanhou a candidatura presidencial de Otelo Saraiva de Carvalho.
O seu nome, durante o período da ditadura fascista era ''ÉSOJ OSNOFA'', para iludir os literáriamente limitados coronéis da censura. Ajuda-nos a livrar-mo-nos do medo!
« A José Afonso devem operários, camponeses, milhares e milhares de cidadãos anónimos a solidariedade nunca negada às causas dos mais fracos e oprimidos», Adelino Gomes e '' [A obra de] José Afonso é um reavivar de memórias que espero inspire também os filhos da madrugada
a (re)conhecerem José Afonso como homem, como poeta, como músico e como cantor'', José António Salvador, autor da biografia de José Afonso - O Rosto da Utopia, com chancela de Edições Afrontamento. A ler e ver.
Esta singela dádiva também foi possível graças à luminosa obra referida. Aos saudosos Zeca e Salvador, Glória Eterna!
Vítor Colaço Santos
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