O COLAPSO E A NOVA SOCIEDADE

O período de caos, de colapso que actualmente vivemos reclama movimentos de transição que trazem uma nova esperança. Há que recuperar a lógica da cooperação e do apoio mútuo, ou seja, a cultura da troca e da oferta solidária de bens ou de tempo, indo buscar muitas das vantagens das sociedades tradicionais. É perfeitamente possível reduzir a nossa dependência em relação ao automóvel, à televisão, ao telemóvel, aos computadores, adoptando um ritmo de vida muito mais pausado e até será provável o desaparecimento dos empresários e da exploração, graças à auto-suficiência e à economia da dádiva.
Podemos mesmo viver melhor com menos, desmercantilizar o trabalho, consumir produtos sãos e próximos, respeitando os direitos dos animais e levando, assim, uma vida soberana. 
A nossa educação deve contrapor-se à "formação de escravos da sociedade industrial", como afirma Carlos Taíbo, à legitimação de desigualdades e hierarquias, ao incentivo à competição desenfreada e à formação de uma "geração de consumidores acríticos" e de pessoas dóceis e passivas.
Na nova sociedade vigorarão a autogestão e a democracia directa, ou seja, teremos a responsabilidade pelas nossas vidas e evitaremos o caminho da delegação. Num cenário nada propício a partidos, parlamentos ou governos é provável que o conceito de país regrida. A actual ordem empresarial desaparecerá.