terça-feira, 25 de junho de 2019

O poder do dinheiro

- Os agentes, os conselheiros e os fabricantes de imagem, fazem tudo o que podem e sabem que resulta para não deixar o rapaz cair no esquecimento. É preciso jogar os cifrões que sabem existir e colocá-los em cima do tabuleiro, enquanto o relvado é renovado. É necessário aguentá-lo em campo enquanto o defeso corre, caso contrário as capas dos jornais e as revistas da fofoca falam de outros, o que não convém. Produzir notícia nem que seja por factos supérfluos, é preciso. A vida dos famosos, de quem dá dinheiro a ganhar, merece protecção e nós aqui na redacção é disso que nos alimentamos. Se é "fake" ou não, pouco importa. O Trump que se preocupe com isso. Para nós o importante é saber se o rapaz vai ou não a tribunal, se comeu num restaurante de luxo bem anunciado, se deu choruda gorjeta, se andou a navegar num iate do tamanho XXL, se se atirou a mergulhar à vista da teleobjectiva convidada para publicação, se os bíceps estão revitalizados, se o filhinho ainda se parece com ele ou lhe sobram as orelhas, quem será a mãe, etc. O que nos entretém e o povo quer saber, é quanta felicidade navega junto a ele. Dinheiro é que não falta para pagar este trabalho jornalístico, e aceitar a nossa companhia junto ao champanhe servido, e no iate contratado para a fotografia que revela o paraíso construído na terra, e projectado nos gabinetes do "idílico". Parecer, vale mais que ser. Criar um romance a bordo no alto-(a)mar ajuda, mesmo que haja em cada um de nós um Boris Johnson à procura de êxito e de poder com mulher pelo meio. Os ídolos fazem falta e dão jeito aqui na aldeia e em qualquer lugar. Os redactores também têm fome e o pão custa a ganhar, e é urgente recorrer às fontes de onde ele pode brotar. Estampá-lo na revista e no ecrã dá lucro. O rapaz dá de comer a muita gente, e por que havemos de ficar de fora. Há que aproveitar antes que desapareça. Por isso teimemos em fazer dele capa e notícia. Apontemos os lances que o rapaz descreve, os lugares frequentados, as companhias que não o largam, as queixas que se acumulam, as vítimas e enganados que aos seus pés caem. Tudo se vai resolver, nem que seja urgente os agentes de imagem, indemnizarem o sofrimento ou simples aproveitamento. O rapaz vale o esforço, e o suor que corre no mundo do showbusiness, até cair no extasy da ilusão, sempre sempre, efémero!

                                             

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