sexta-feira, 14 de junho de 2019

Maldito acordo


Se não fosse em si mesmo uma anedota, o Acordo Ortográfico (AO90) sê-lo-ia pelo que fazem as personalidades que no-lo querem impor. Não é que o presidente do - vejam lá! - Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, com uma lata do tamanho do nome da instituição, escreveu um e-mail a Nuno Pacheco (N.P.), do PÚBLICO, criticando-o por não querer saber porque é que não tem razão? Ironia do destino, o ”homenzinho” terá esquecido (as amnésias estão na moda) uma regra basilar da escrita que, certamente, o professor da “primária” lhe ensinou: nunca se põe uma vírgula entre o sujeito e o predicado. É errado e é feio, digo eu. É “estúpido”, diz Miguel Esteves Cardoso.      
Alguém tem de ter juízo e erradicar o AO90, essa intumescência, do nosso corpo social, já que ninguém dela precisa e só faz mal. Quando não, aproveitando os ventos favoráveis da actual “realidade paralela, como a de Trump” (citando N.P.), pode aparecer por aí mais algum iluminado a dizer que 3+2 não são 5 e, de seguida, apresentar a sua candidatura a presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática.

Nota: As citações de Nuno Pacheco e de Miguel Esteves Cardoso constam das edições do Público de ontem e de hoje, respectivamente.

3 comentários:

  1. Confesso que, em relação ao AO, nunca me pronunciei porque me sinto bastante ignorante. Optei pela antiga grafia porque é a que sei e, talvez, por um certo comodismo. Vou lendo os artigos do Nuno Pacheco e pouco mais e agradam-me, mas não sei exactamente se é por... minha conveniência. Sei ainda que me foi ensinado qua a língua evolui por via erudita ou por via popular... nunca por "decreto". Que em parece ter sido o caso vertente. E pergunto-me sobre como vai ser agora... em que já há milhares de crianças que desconhecem a velha (?) - a minha - grafia? Aqui fica o meu "cofesso" que, provavelmente... só servirá para complicar ainda mais...

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    1. Esse argumento das crianças é o mais absurdo de todos. Há muitos jornais, revistas, escritores, colunistas, etc. que não aplicam o AO90, é óbvio que as crianças têm conhecimento da grafia anterior. Além disso, aprendem inglês e francês cheios de consoantes mudas e duplas, e seria problemático voltarem a escrever cês e pês, acentos e hífenes em português? Também é curioso que essa questão não se pôs quando se decidiu aplicar o AO90 em todo o ensino em 2011, quando as crianças já tinha aprendido segundo a norma anterior. Pura hipocrisia, diria eu.

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    2. Seja bem vindo ao blogue, João Cabral. Infelizmente para mim, neste assunto em que já me confessei...ignorante e até "aproveitador", embora seguindo a linha do que o senhor, o José Rodrigues, o Nuno Paceco, o falecido Vasco Graça Moura e tantos outros defendem. Mas por pura conveniência minha, repito. Seguirei o "rio"( e não a imposição) da evolução da língua portuguesa, embora o tempo de vida talvez já não mo vá permitir.
      Lateralmente a isto, porque o senhor apodou de hipócrita o "argumento" sobre as crianças e, talvez injustamente, o ápodo me pareceu também dirigido ao que escrevi, relembro-lhe que a definição de Criança engloba o período etário entre o nascimento e os 18 anos, exclusive.O que não permitirá a sua "generalização" que comporta pouco dinamismo no tempo cronológico ( passe a redundância). E isso não será despiciendo. Volte sempre!

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