quinta-feira, 12 de abril de 2018

O cavalo do inglês


Com Passos Coelho, estávamos habituados a que os Orçamentos não fossem cumpridos por incapacidade do Governo, que não era capaz de gastar tão pouco quanto, de forma optimista, tinha previsto. Vinham, então, uns atrás dos outros, os Orçamentos Rectificativos, que também não eram cumpridos.

Agora, facto novo, estamos na posição de o Governo não cumprir o Orçamento, não porque não o consiga, mas porque não quer. À força da “tortura” pelas cativações e outros truques, o défice ainda há-de acabar por mudar de nome para superavit. Resta saber se os apoios do Governo à esquerda serão à prova de tudo. É certo que esses partidos aprovaram o Orçamento, argumento aparentemente inexpugnável do Governo, mas não é menos certo que não dão o seu acordo aos desvios na execução.   

Andávamos a fazer orçamentos para a Europa, que, na prática, não cumpríamos. Passámos a fazer orçamentos para a esquerda que, afinal, também não cumprimos. Vão o PCP e o Bloco continuar a aprovar os Orçamentos futuros?  Parece-me evidente que, a partir de agora, a “geringonça” só poderá funcionar se a sua “asa esquerda” tiver garantias reais de que será ouvida sobre cada uma e todas as cativações e derivados. Para que Centeno não se julgue um inglês qualquer que cisma em habituar o cavalo a deixar de comer para sempre. Como, parece, está a querer fazer à Saúde, à Educação e aos diversos sectores não financeiros da sociedade.

Expresso - 14.04.2018, amputado (desastradamente, a meu ver), da parte sublinhada, que dá razão ao título.

2 comentários:

  1. A mim palpita-me que a questão principal, para o PS poder ou não continuar a liderar o Governo, é a percepção que os seus apoiantes começam a ter de que poderá, nas próximas eleições, colher sozinho os "louros", deixando-os de mãos vazias... Mas não estão isentos de culpas de verem o Governo mais distante das suas propostas, porque sempre que qualquer uma tem acolhimento, é vê-los de megafone em punho: "fomos nós, fomos nós"!

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  2. Com Passos Coelho e Paulo Portas eram os "ir além da troika" e "os portugueses gastam de mais". Com António Costa começa a ser o "ir aquém no défice"... mesmo que ninguém lho tivesse pedido.Mas o problema é "destapar os pés" em coisas essenciais e... que o povo vê e... não esquece.

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