Diz o primeiro:
- Calha bem encontrar-te porque
tenho uma coisa para te dizer, sobre um nosso colaborador. Encontrei há pouco o
Alfredo, com um ar muito pesaroso, pois acaba de ser despedido do lugar que lhe
tínhamos arranjado. Nosso fiel companheiro, e não prestando para nada, como
sabes, não pode ficar por aí ao Deus dará. Tens de lhe arranjar alguma coisa,
que se veja, na esfera pública, com a urgência que o caso requer, pois o nosso
poder, em alguns sectores, está em vias de entrar em ruptura e é preciso
aproveitar os últimos cartuchos, pois os amigos são para as ocasiões.
O outro, sempre atencioso, medita
um pouco e responde.
- Ora nós sabemos que o Alfredo,
não sabe fazer nada, mas é a simpatia em pessoa e está talhado para relações
públicas, que me parece é a sua formação académica ou talvez Relações Internacionais.
Arranjamos um lugar à sua e à nossa medida. Vou telefonar para a nossa gente
dos institutos, câmaras, ministérios ou empresas públicas e irá ter um lugar
junto da administração, talvez assessor ou consultor contratado. O despacho irá
sair no Diário da República, com a chancela de “por conveniência de serviço”.
Dorme descansado e o rapaz que faça as malas.
Isto não se passou, tal qual
assim, mas podia ter-se passado.
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