A cidade de Lisboa ganhou um novo
e belo espaço para exposições. Trata-se do Torreão Poente no Terreiro do Paço,
onde até 15 de Dezembro pode visitar a exposição “A Última Fronteira – Lisboa em Tempo de Guerra”. Esta cuidada mostra,
que é sobretudo documental mas reunindo também alguns artefactos, mostra-nos
Lisboa nos anos da II Guerra Mundial e que era ponto de chegada de muitos
refugiados judeus (e não só) e principalmente rota de passagem para a América. A
par dos diversos painéis fotográficos podemos ir lendo testemunhos de muitos
escritores que passaram por Lisboa, como é o caso, entre outros, de
Saint-Exupery, Erika Mann, Heinrich Mann, Alfred Döblin (autor do superlativo Berlim Alexanderplaz) e Arthur Koestler.
Koestler, que escreveu o soberbo O Zero
ou o Infinito, esteve alojado na Pensão Leiriense em Lisboa onde foi
protagonista de uma tentativa de suicídio. O relato da sua passagem por Lisboa
está contido no livro Arrival and
Departure que, infelizmente, nunca foi traduzido para português. (Lanço um
desafio aos nossos editores: não seria uma boa altura de editar em português os
relatos destes e outros escritores sobre a sua passagem por Lisboa durante este
conturbado período?) Na exposição podem ver-se também fotos da Exposição do
Mundo Português, inaugurada em 1940, tiradas por um jovem que mais tarde viria
a ser um arquitecto de renome: Nuno Teotónio Pereira. Um conjunto de curtos
filmes sobre o quotidiano de Lisboa durante a Guerra completa esta pequena mas
importante exposição. Entretanto, não perca as vistas: dos janelões do Torreão
pode admirar a estátua de D. José e do Arco da Rua Augusta, ambos reabilitados,
bem como contemplar a beleza da cidade a trepar para o castelo e debruçar-se
sobre a mansa ondulação do rio Tejo a afagar o cais das colunas.
João Ferreira
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