Ao tomar conhecimento de que o
Governo vai legislar no sentido de que os funcionários do fisco, irão pertencer
a uma espécie protegida, diversa da dos outros cidadãos, funcionários públicos
ou não, fico um pouco perplexo, pois até na Índia, embora a tradição ainda as
mantenha, já foram eliminadas as castas.
Segundo se noticia, a ofensa a
qualquer funcionário do fisco, quando no exercício do seu múnus, será castigada
com multa e, ou, prisão, em conformidade com o grau ofensivo.
O que, à primeira vista, isto nos
sugere, é que a carga fiscal continuará na senda do agravamento, de tal forma,
que o Governo prevê a perda de controlo de alguns contribuintes, que poderão
ter atitudes menos dignas para com os funcionários.
Os cidadãos, que contribuem para
a manutenção do aparelho do Estado, começam a ficar exaustos. Contudo, não têm
o direito de perder a compostura.
Na realidade, alguns
contribuintes, menos calmos e tolerantes, poderão exaltar-se e ter atitudes
menos correctas ao enfrentar a situação e tanto podem explodir na tesouraria da
Fazenda Pública, como nos serviços camarários, onde as diversas taxas
municipais são pagas. Por uma questão de poupança, devem ter em atenção que
ofender o funcionário municipal lhes fica mais em conta, pois estes, parece,
não estarão protegidos pela nova Lei.
Isto, se não fosse ridículo, era
desprezível. Todos os funcionários, públicos ou não, no exercício do seu dever,
devem ser respeitados e não há uns mais respeitáveis do que outros. Ir a uma
escola, ofender um professor ou um outro funcionário, é coisa de somenos.
Ofender um funcionário do fisco é que é grave! Se chegámos a isto, “Não me
digam mais nada, senão morro”, como escreveu o poeta Ary dos Santos.
Hoje, fui às Finanças e, como de
costume, fui bem tratado. Continuo a chamar a atenção, a quem de direito, que o
Livro de Reclamações, deve ser substituído pelo Livro de Ocorrências, onde
seriam feitas as reclamações e os elogios, quando fosse caso disso, sobre o
trabalho prestado pelos assistentes.
Neste país, desde há muito que
está implantada a cultura da maldade, desde essa coisa horrível que é, nas
escolas, se emitirem ordens de serviço, lidas, obrigatoriamente, em todas as
turmas, para dar a conhecer os castigos atribuídos a alunos, sem haver igual
procedimento quando estes têm acções meritórias. A distribuição de carros, para
premiar quem for delator ou fiscal do fisco, coloca-nos numa escala abaixo de
terceiro mundo. E o mais triste, é os fazedores de opinião, colaboradores neste
estado de coisas, não verem o óbvio.
31.10.2014 - Joaquim
Carreira Tapadinhas, Montijo
A sociedade perfeita é e será sempre uma utopia, pois é delineada por seres imperfeitos como nós.
ResponderEliminarO que é bom para uns é mau para outros.
Se formos menos maledicentes e destrutivos, certamente colaboramos para a construção de um mundo melhor.
O pior cego é o que não quer ver. Só se cura a doença se se fizer a auscultação, o diagnóstico e depois a receita. Depois, procurar executá-la. Se não nos interessarmos pelo doente, ele não se cura.
EliminarEmbora concorde consigo, acrescento que nem todos têm capacidade para ver o óbvio.
EliminarQuanto há receita para a cura, ai está o problema.
Quantos mais somos, mais difícil é a unanimidade.
Nunca se agrada a todos.