Mas porque insistem em fazer-nos todos apalermados?
Ou será que ao serem apalermados, querem pôr-nos todos ao
vosso nível?
Não somos todos apoucados, lato senso.
Vocês sim são apoucados, e em todas as dimensões.
Cabe na cabeça de alguém – parece que sim – dizer para
milhões de pessoas que se abriu um negócio de consultadoria, que nunca se teve
clientes, que nunca se fez negócio, que nunca houve reuniões de sócios, que não
se sabe se a sociedade ainda existe, se o escritório está no mesmo sítio, se há
ou houve contas de electricidade para pagar, se houve pagamentos feitos por
conta, se houve fechos anuais de contas, se existe contabilidade organizada?
Alguém acredita numa história destas?
E dizer tudo isto assim de rompante, com cara séria, séria e
angelical, esfregando as mãos nervosas, com um olhar como se nos quisesse comer
a todos, ou então olhando como se quase não se conseguisse olhar?
Não somos todos parvos e muito menos apalermados e não
acreditamos em nada do que se disse, porque mesmo se o que se disse for
verdade, perdeu-se a hipotética e pouco provável credibilidade do conteúdo dito,
na forma como foi dito, no momento e no meio escolhido para se dizer.
Já ninguém vos pede nem aos vossos confrades
responsabilidade, porque simplesmente não a têm, só têm poder o que é muito,
quase tudo, menos credibilidade.
Vocês encarnam assim como os confrades com que privam, o
paradigma de uma ideia da política que se esgotou, e que nós não queremos mais.
E ainda bem que assim foi dito, porque é um motivo mais,
para apalermados e tontos abrirmos os olhos e vos expulsarmos de cena.
Está ser difícil? Está, mas não restam dúvidas de que cada
vez estamos mais perto de conseguir espanar-vos do tapete.
Temos sido tão pacientes, que mais algum tempo é irrelevante.
Vocês já só estão presos por pontas frágeis, que mais dia menos dia acabam por
partir com a insistência destas aragens em português suave que somos, que se
hão de desembaraçar destes contratempos que nos enleiam.
O vosso tempo de antena terminou, mesmo que continuem a perorar
em bicos de pés nos próximos vinte anos. Ninguém tem paciência para vos
continuar a ouvir, a vossa opinião deixou de ser um oráculo, porque nenhum de nós
está interessado em saber o que vocês pensam, o que pensam os vossos amigos, os
mandantes dos recados.
A nossa cabeça mudou nestes últimos anos de vilanagem e vocês,
arregimentados aos vossos clubes, ainda não se deram conta disso, nem sequer o
perceberam.
O que nos deixa muitos mais tranquilos: pois não é contra a
vossa inteligência que temos que lutar –o que daria luta dura se ela existisse –
é desmontando a vossa obstinação elementar de lapas agarradas à rocha. E já
descobrimos como isso se faz: minando os vossos clubes e pondo confrades contra
confrades.
Na confusão que se
gera – e que começamos agora a assistir - vocês acabam por se cilindrarem uns aos outros.
Deixam-nos o caminho
livre para um admirável mundo novo, que já mexe para grande alegria nossa, os
tontinhos.
Eu já estou tão tonto, que não vislumbro tontice maior que a minha, ou será por estar tão tonto, que assim penso?
ResponderEliminar