sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Lembrei-me do 'namoro' com um par de sapatos

Estava há dias a fazer um balanço da minha vida desde que cheguei ao Porto nos finais da década de 50 do séc. XX, quando me lembrei do ‘namoro’ que tive com um par de sapatos que se ‘oferecia’ sem ‘pudor’ numa montra da bem sortida Sapataria Teresinha, instalada no vetusto Edifício do Bolhão, na parte da Rua de Sá da Bandeira.
O seu preço andava à volta de 300 escudos - que seriam agora 1,5 euros -, o que era muito para a época, bem como, para termos uma ideia, um café em chávena custava 14 tostões, o equivalente a 0,7 de um cêntimo de euro, pelo que hoje, os mesmos sucedâneos, custam cerca de 40 e 85 vezes mais, respectivamente.
E mais ainda: em 1970, um automóvel Fiat 600, ‘novinho em folha’ custava 42 500 escudos, o equivalente a 212 euros.
Enfim, com a entrada do euro em Portugal, o desregramento económico-financeiro foi catastrófico, não por culpa da referida moeda comum europeia, mas pelos maus economistas, demagogos e corruptos que pusemos em todas as escadas do poder.


José Amaral

6 comentários:

  1. gostei deste bocadinho e sobretudo da ideia de que o José «estava a fazer um balanço da sua vida desde que chegou ao Porto». É , com certeza, um balanço muito positivo :)
    !! Lembro-me bem da sapataria!

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  2. Muito obrigado pelas suas palavras. De facto, tudo passa e nada fica, mas algo muito indelével ficará na nossa memória, mesmo que magoe relembrar. Todavia, no 'meu tempo' de jovem também havia coisas muito boas e pessoas adoráveis e que, talvez, não eram 'descartáveis' como são hoje em dia.

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  3. O tema "as pessoas serem «descartáveis» hoje em dia" dava pano para mangas...

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  4. quando fazemos apelo ao passado, este surge-nos como nós o queremos ver no presente. daí que as memórias sejam, no presente, orgânicas, ainda agentes capazes de (nos) transformar. concordo com a colateral crítica à nossa entrada no euro, que foi, na minha opinião, um erro histórico. a partir daí, caro José, não o posso seguir. É que nos idos anos 50, muita gente passava à frente dessa mesma sapataria senão descalço, muito mal calçado.

    abraço,

    José Ricardo

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  5. De facto, assim era. Havia muita gente quase descalça. E muita dela multada em vinte e cinco tostões ao atravessar em frente à Estação de S. Bento. Fortunadamente, nunca andei descalço.

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  6. Hoje o país está inundado de sapatos chineses e os portugueses não estando com os pés ao laréu, têm que descalçar um gigante par de botas.

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