quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Um cheirinho a Salazar?

Porque será que a recente nomeação de uma ilustre professora universitária me parece ter um "cheirinho" a Salazar? É que andamos tão distraídos com tantos "faits divers", geralmente lançados pelo governo e depois alimentados por uns media incapazes, que temos dificuldades em discernir os verdadeiros sinais políticos. Passos Coelho já havia nomeado para ministros pessoas com pouco peso político. O caso do ministro da Saúde, é um exemplo. Pessoa competente como gestor, mas sem peso político próprio. Foi um sinal importante, mas era uma área muito técnica. Agora, numa área 100% política e muito importante, como são as polícias e as autarquias locais, Passos em vez de escolher um político com peso bastante para enfrentar os desafios sensíveis e graves que todos os dias se colocam na Administração interna, lança uma professora de direito, sem nenhuma experiência política.
O "cheiro" a Salazar, é mais que muito, é inebriante! Passos tal como Salazar sempre fez, não quer mais ministros com peso político próprio, porque já não confia em mais ninguém e quer ser ele unicamente a mandar. Chegámos assim à situação em que não são só os Secretários de Estado "meros ajudantes" dos Ministros (Cavaco Silva, dixit, como ex-PM), mas os ministros serão, a partir de agora, meros ajudantes do Primeiro Ministro, tal qual no tempo de Salazar. Este último, apenas admitia ministros políticos, quando estes eram filiados e obedientes à direcção (Salazar, ele mesmo) da União Nacional, partido único da altura. Os restantes ministros, mesmo que não filiados, eram professores universitários, ou outras personalidades bem conhecidas, mas que nunca ousariam contrariar o líder Salazar. Apenas duas excepções que recordo no seu longo consulado. Por sinal, dois grandes ministros, que eram críticos de Salazar, mas em quem este confiou: Duarte Pacheco (por duas vezes) e Adriano Moreira.
Será que tal como os dois antes referidos, a nova ministra conseguirá ter uma política própria e determinante?
Embora sinceramente duvide, gostaria muito que assim fosse, a bem do País e da democracia.

Resta-me desejar à nova ministra, muitas felicidades no exercício do seu importante cargo.

3 comentários:

  1. Bom texto. É bom avivar a memória dos que viveram na pele esses factos e dos que não tendo vivido, é importante que saibam que por vezes há repetição da história, com outros personagens, mas no fundo copiando estilos.
    Passos cada vez mais me lembra esse senhor, até na forma como olha, não vendo, as pessoas

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  2. Gostei imenso do seu grande alcance histórico, mas infelizmente não consigo cheirar o seu interrogado cheirinho a Salazar, pois sou fraco de olfacto. Todavia, só queria que a neófita ministra exercesse o seu alto cargo com honestidade e isenção. No entanto, o Passos consegue voltar aos passos das peugadas de Salazar, mas que não dure tanto tempo no lugar.

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  3. O cheirinho, na canção, é cheira a Lisboa. Nesta situação cheira a Coimbra, o que no respeita a honestidade é bem melhor.

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