Porque será que a recente nomeação de
uma ilustre professora universitária me parece ter um
"cheirinho" a Salazar? É que andamos tão distraídos com tantos
"faits divers", geralmente lançados pelo governo e depois alimentados
por uns media incapazes, que temos dificuldades em discernir os verdadeiros
sinais políticos. Passos Coelho já havia nomeado para ministros pessoas com
pouco peso político. O caso do ministro da Saúde, é um exemplo. Pessoa
competente como gestor, mas sem peso político próprio. Foi um sinal importante,
mas era uma área muito técnica. Agora, numa área 100% política e muito
importante, como são as polícias e as autarquias locais, Passos em vez de escolher
um político com peso bastante para enfrentar os desafios sensíveis e graves que
todos os dias se colocam na Administração interna, lança uma professora de
direito, sem nenhuma experiência política.
O "cheiro" a Salazar, é mais que
muito, é inebriante! Passos tal como Salazar sempre fez, não quer mais
ministros com peso político próprio, porque já não confia em mais ninguém e
quer ser ele unicamente a mandar. Chegámos assim à situação em que não são só
os Secretários de Estado "meros ajudantes" dos Ministros (Cavaco
Silva, dixit, como ex-PM), mas os ministros serão, a partir de agora, meros
ajudantes do Primeiro Ministro, tal qual no tempo de Salazar. Este último,
apenas admitia ministros políticos, quando estes eram filiados e obedientes à
direcção (Salazar, ele mesmo) da União Nacional, partido único da altura. Os
restantes ministros, mesmo que não filiados, eram professores universitários,
ou outras personalidades bem conhecidas, mas que nunca ousariam contrariar o
líder Salazar. Apenas duas excepções que recordo no seu longo consulado. Por
sinal, dois grandes ministros, que eram críticos de Salazar, mas em quem este
confiou: Duarte Pacheco (por duas vezes) e Adriano Moreira.
Será que tal como os dois antes referidos, a
nova ministra conseguirá ter uma política própria e determinante?
Embora sinceramente duvide, gostaria muito que
assim fosse, a bem do País e da democracia.
Resta-me desejar à nova ministra, muitas
felicidades no exercício do seu importante cargo.
Bom texto. É bom avivar a memória dos que viveram na pele esses factos e dos que não tendo vivido, é importante que saibam que por vezes há repetição da história, com outros personagens, mas no fundo copiando estilos.
ResponderEliminarPassos cada vez mais me lembra esse senhor, até na forma como olha, não vendo, as pessoas
Gostei imenso do seu grande alcance histórico, mas infelizmente não consigo cheirar o seu interrogado cheirinho a Salazar, pois sou fraco de olfacto. Todavia, só queria que a neófita ministra exercesse o seu alto cargo com honestidade e isenção. No entanto, o Passos consegue voltar aos passos das peugadas de Salazar, mas que não dure tanto tempo no lugar.
ResponderEliminarO cheirinho, na canção, é cheira a Lisboa. Nesta situação cheira a Coimbra, o que no respeita a honestidade é bem melhor.
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