sexta-feira, 17 de agosto de 2018

A Web sans Marine



- Portugal não é uma Democracia plena. Demonstra até ter medo de o poder ser. Duvida que o seja e reage insensatamente. À mínima pressão de uns demagógicos filósofos da treta, que se arvoram por vezes, intelectuais e donos de valores superiores, toma, ainda que disfarçadamente, posição sobre a liberdade de expressão e de participação, sem o dever e direito de se assumir independente, e sujeita-se apenas à pressão dos teimosos palermas mas crentes de certezas. Marine Le Pen, a francesa truculenta e senhora de um discurso com pecado e polémica mensagem, mas detentora de 10 milhões de apoiantes no país de Victor Hugo e de Sartre, foi proibida de entrar em Portugal para participar na Web Summit, evento pago pelos contribuintes, a um também estrangeiro desconhecido, para por de pé tal espectáculo com variedades, e a terminar num repasto, mais ou menos "panteónico". Que liberdade e que força é esta, "companheiros revolucionários do caviar", que temem a presença de uma mulher, que luta pelos seus ideais, que não sendo ao gosto das correntes dominantes e instaladas no poder, impõem-lhe a proibição de estar presente e após convite, numa cimeira futurista, agora demonstrativa, de nível censório? Que democratas são estes que chamam a si a razão e a verdade, únicas, que oficialmente fazem carreira nos lobbys e administrações, partidos e governações, como possuidores de teorias e práticas salvíficas dos povos que manipulam? Qual a razão de fundo, e clara explicação, que faz assustar e enegrecer, silenciar até um governo dito soberano, mandando uma dirigente política com projecção internacional para o "apartheid" das forças malignas, sem que haja qualquer prova, a tão escorraçada senhora, a visível loira Marine? Por que não a combatem na sua presença, olhos nos olhos, palavra a palavra, e a desmontam e lhe apagam o brilho que possa cegar, no palco da Web Summit? Que democracia esta, que nos querem impor, como se fosse a mais sã e aquela que aproveita mais a todos, mas cujos resultados nestas décadas desde aquele maio de 68, são apenas e só de "chercher travaille autour du monde avec ou sans la femme". Infelizmente!*

-*(hoje no Púbcº-: crtdº)

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