quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Tão amigos


A crise económica e financeira que ensombra os céus da Turquia tem causas que  devem ser assacadas a Erdogan, que não hesitaria em reclamar os louros de eventuais êxitos, caso os houvesse. Com pesar pelo povo turco, que é quem vai “pagar as favas”, não consigo deixar de esboçar algum contentamento por julgar possível que esta crise pode ser o princípio do fim da ditadura. Quase apetece felicitar Trump por estar a dar uma ajudinha na queda do ex-comparsa, com quem, há três meses, trocava fortes apertos de mão e juras sabe-se lá de quê. O problema, no entanto, é que, sendo de saudar este possível efeito colateral da política externa americana, já se entrevêem, no horizonte mais longínquo, algumas das terríveis consequências, a nível mundial, daquela política. Trump soma êxitos fugazes dentro de portas, sem dúvida, mas, como se verá, eles esfumar-se-ão no médio e longo prazos. Qualquer dona de casa, sem ofensa, não faria pior pela economia americana, que penará por muitos e longos anos na esteira da visão imediatista e irresponsável de um magnata primário. 

JN - 05.09.20118 (título alterado para "O princípio do fim de Erdogan"). 

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